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Quem defende Bolsonaro milita a favor da ditadura
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Quem defende Bolsonaro milita a favor da ditadura

Concordo, está cansativo falar do presidente Jair Bolsonaro, esse traste despido de qualquer traço positivo de caráter, que não teve a humanidade de pronunciar uma única palavra de consolo às famílias de meio milhão de homens, mulheres e crianças, que perderam a vida para a Covid-19. Milhares dessas mortes seriam evitáveis — 396 mil segundo o pesquisador Pedro Hallal* — se o seu governo não houvesse pecado por ação e omissão, em um negacionismo renitente e brutal, que continua matando brasileiros.

"Nova polítia"
Bolsonaro prometeu fazer um governo sem corrupção, sem apelar para o tomaladacá, acabar com a reeleição para presidente a República, instituindo a “nova política” em Brasília. O que conseguiu foi formatar um ministério de nulidades, pelo menos um deles com a Polícia federal em seus calcanhares. Nem vale a pena falar de Damares, Milton Ribeiro, Pazuello, Weintraub, Fábio Faria, Anderson Gustavo, et caterva, pois alguns vocês nem os conhecem; outros vão se lembrar pelas besteiras que eles fizeram. (Já observaram que o termo “nova política” sumiu do vocabulário bolsonariano?)

Obsessão do segundo mandato

Para piorar, reeleger-se tornou-se a sua obsessão; todas as demais tarefas de governo tornaram-se secundárias. Bolsonaro montou um palanque permanente, e de lá nao desce, ao ponto de o Ministério Público ter pedido que ele fosse multado por campanha eleitoral antecipada, o que é proibido pela legislação.

Mourão, o escanteado
O vice-presidente, o general Hamilton Mourão foi devidamente escanteado, tornando-se um vice decorativo. Hoje quem faz e desfaz é quadrunvirado, com os três filhos, zeros qualquer coisa, e ajuda de gabinetes paralelos que mandam mais do que os titulares das pastas. A propósito, os quatros filhos homens de Bolsonaro são investigados pela Polícia Federal e pela Justiça. Além dos três com mandato eleitoral, o zero mais novo enrolou-se em negócios mal explicados.

Partido da Boquinha Militar
Para seduzir os generais Bolsonaro concedeu benesses aos militares na reforma da Previdência, e também deu-lhes o direito de acumular salários acima do teto dos funcionários públicos civis (que eu, você, nós vamos pagar). Além disso, encheu seu governo de fardados: cerca de sete mil deles ocupam cargos na administração federal. Assim, submeteu as Forças Armadas, especialmente as forças terrestres, criando uma espécie de Partido da Boquinha Militar, um Exército para chamar de seu.

Amigo do coronavírus
Além de trabalhar com afinco pela disseminação do coronavírus, Bolsonaro também encontra tempo para atacar a democracia, sequestrar os conceitos de liberdade e avisa, dia sim outro também, que está preparando um golpe contra as instituições democráticas. Como se não bastassem as agressões contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, passou às tentativas de desmoralizar a Justiça Eleitoral.

O quiromante
Ele quer determinar, por antecipação, que será o vencedor da disputa pela cadeira presidencial em 2022. Fora, disso, prevê o quiromante, será fraude. Bolsonaro já disse que se perder as eleições do próximo ano, aqui “será pior que nos Estados Unidos”. Como se sabe, no país do Norte, o patrão de Bolsonaro, Donald Trump, foi devidamente escorraçado da Casa Branca, não sem antes providenciar uma invasão de bandidos ao Capitólio, sede do Congresso, o símbolo mais representativo da democracia americana.

Ditadura
Portanto, quem ainda continua apoiando Bolsonaro, independentemente da desculpa que arranje para isso, está trabalhando para que uma ditadura se implante no Brasil, sob os auspícios das milícias, de um segmento sórdido da Polícia Militar e de setores do Exército genuflexos ao capitão.
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*O epidemiologista Pedro Hallal é ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Ele explicou como chegou aos número em carta publicada na revista científica The Lancet (22/1/2021).

Foto do Plínio Bortolotti

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