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Morder a tampa da caneta: o mal que entra pela boca
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Morder a tampa da caneta: o mal que entra pela boca

| Hábitos ruins| Morder tampa da caneta ou abrir embalagem com a boca é prejudicial à saúde. Além de outros malefícios, o hábito pode ser uma forma de contaminação pelo vírus da Covid-19
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Tipo Notícia

Se abrir um pacote de biscoito com os dentes ou morder a tampa da caneta está entre seus hábitos rotineiros, saiba que o que parece ser uma ação inofensiva representa riscos à saúde. Além de ocasionar sérios problemas para a saúde bucal, inclusive lesões nas gengivas e lábios, colocar objetos na boca aumenta a exposição a possíveis contaminações por bactérias e vírus, como o da Covid-19, possibilitando infecções como problemas respiratórios e gastrointestinais. A seguir, saiba mais sobre os danos que estes hábitos ruins pode causar:

Danos aos dentes

Ao morder um objeto como a ponta da caneta, não percebemos a pressão que exercemos nos dentes. Portanto, essa ação involuntária, se realizada constantemente, pode causar danos aos dentes que, diferentemente de uma fratura após um impacto, não são percebidos no momento em que acontecem.

"Esses danos podem resultar em problemas simples, como microfissuras no esmalte que causam manchas nos dentes, mas também podem ocasionar problemas sérios a longo prazo, como um quadro de erosão dentária, ou seja, a perda do esmalte, deixando o tecido desprotegido e a dentina exposta", explica a Kamila Godoy, cirurgiã dentista, membro da Associação Brasileira de Ortodontia, da World Federation of Orthodontists e da Roth Williams International Society of Orthodontists.

Dificuldade na
mastigação
e fraturas

A disfunção temporomandibular, conhecida como DTM, pode ser causada pelo hábito de morder objetos. Esse distúrbio gera um mau funcionamento das articulações temporomandibulares (ligam a mandíbula ao crânio), que são responsáveis pela maioria dos movimentos mandibulares como mastigar, falar ou bocejar. O comprometimento dessas articulações causa uma série de sintomas: dores na face, dificuldade para mastigar, inchaço no rosto, trancamento da mandíbula, ruídos e estalos ao abrir a boca, entre outros.

Kamila Godoy ressalta que todos os componentes bucais (dos dentes à língua) estão estruturados para a mastigação, que é o primeiro passo para uma boa digestão. "Sendo assim, ao morder objetos, todo este funcionamento é comprometido, resultando em problemas ortodônticos como mordida aberta anterior ou até mesmo fraturas na coroa dentária", disse.

Sensação de dores no ouvido

Além dos danos citados, os distúrbios articulares podem gerar problemas ainda mais graves, como a sensação de dores no ouvido que podem até ocasionar desequilíbrio da coluna vertebral.

Segundo a dentista, como a estrutura da Articulação Temporomandibular (ATM) é muito próxima ao conduto auditivo, o paciente confunde a dor de ATM com dor de ouvido. "Quando o problema se instala, o primeiro passo é investigar a causa, buscando, inicialmente, um otorrinolaringologista. O especialista irá confirmar se existe alguma condição inflamatória ou infecciosa no ouvido. Se não houver, a indicação é buscar atendimento odontológico", finaliza Godoy.

Covid-19

A boca é uma porta de entrada para bactérias e vírus, e as mãos são os principais meios de toque. Portanto, tocar objetos e levar as mãos à boca, principalmente sem higienização, e o hábito de roer unhas, possibilitam a entrada de bactérias e vírus, como o coronavírus, no organismo.

Em março de 2021, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) verificaram, pela primeira vez, durante uma autópsia, a presença do SARS-CoV-2 na gengiva de pacientes que morreram no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Por meio de um sistema de endoscópio por vídeo, acoplado a um smartphone, foi possível localizar e extrair, utilizando pinças, amostras desses tecidos e também das papilas gustativas e do epitélio respiratório de, inicialmente, sete pacientes mortos por Covid-19, com idade média de 47 anos. As análises das amostras indicaram a presença do SARS-CoV-2 no tecido periodontal de cinco dos setes pacientes até 24 dias após a manifestação dos primeiros sintomas da infecção em alguns casos.

"A presença do SARS-CoV-2 no tecido periodontal pode ser um dos fatores que contribuem para a presença desse vírus na saliva de pacientes infectados e demonstra que as origens do novo coronavírus em gotículas salivares não são somente as vias respiratórias", explicou à Agência Fapesp o dentista e pesquisador da USP, Bruno Fernandes Matuck.

Com informações do Portal do Governo do Estado de São Paulo

 

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