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Anton Tchekhov
Foto de Pedro Salgueiro
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Escreveu livros de literatura fantástica e de contos, como

Anton Tchekhov

Existem aqueles escritores que são mais lidos - citados, e até copiados - por outros escritores. São os chamados "escritores de escritores". O anglo-americano Henry James é um deles, com seu estilo sinuoso e pleno de sutilezas agrada muito a seus pares; o canadense-norte americano Saul Bellow também é bastante prestigiado por colegas de ofício; na América Latina o uruguaio Juan Carlos Onetti e o mexicano Juan Rulfo são mais mencionados por outros escrevinhadores. Talvez o pernambucano Osman Lins seja o caso mais acabado de "escritor para escritores" entre nós: admirado, propalado, mas pouquíssimo lido pelo público em geral.

Nosso Moreira Campos volta e meia citava o russo Tchekhov, seja em informais conversas com amigos ou em palestras sobre literatura; recordo-me de umas quatro vezes em que o ouvi citar de cor frases do famoso contista: "Se a espingarda não vai atirar, retire-a da sala" era uma das sentenças mais lembradas; repetia entre risos a que afirmava: "se um personagem tosse no primeiro parágrafo, fatalmente morrerá tuberculoso". Também outro "monstro sagrado" das nossas letras, o paranaense Dalton Trevisan - ele mesmo bastante apreciado por outros contistas mundo afora - paga sempre tributo ao criador do exaustivamente mencionado "A dama do cachorrinho".

Mas Anton Tchékhov foi um caso singular entre os "escritores de escritores", começou sua carreira literária escrevendo bem humorados continho em jornais para ajudar no sustento da família, que era muito pobre. Ainda cursando medicina, criou fama com suas engraçadas historias, revelando acima de tudo o lado ridículo da gente mais singela. Só tempos depois, já bem de vida, foi que passou a escrever, digamos - lembrando que mesmo seus primeiros textos eram de qualidades insuspeitas, como atestam as muitas coletâneas que ainda hoje os reproduzem em todas as línguas -, seus "contos pesados", que revolucionaram a narrativa curta e o tornaram um dos mais citados autores dos Séculos XX e XXI.

Diferentemente dos contos, suas peças teatrais não agradaram de início, até seu mestre e amigo Tolstoi lhe dizia que as detestava; já hoje, "Jardim das cerejeiras", "A gaivota", "Tio Vânia" e "As três irmãs" se tornaram famosas e são encenadas no mundo inteiro com enorme prestígio. Deixou, como todo verdadeiro mestre, uma legião de seguidores: desde os simples diluidores aos recriadores mais poderosos: entre os mais famosos estão a neozelandesa Katherine Mansfield, o russo Ivan Bunin e até o brasileiro Dalton Trevisan. E mesmo já se passando mais 100 anos de sua morte é comum lermos resenhas sobre novos escritores começarem com diretas comparações a ele, frequentemente alguém é tido - com razões ou forçadamente - como seu discípulo: inclusive a recém-ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, a discreta canadense Alice Munro, não tem seu nome citado sem que ao lado não esteja a sombra poderosa de Anton Pavlovich Chekhov.

Foto do Pedro Salgueiro

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