A Francisco Hissa

Que semaninha osso esta que passou, não, caríssimo(a) leitor(a)? Pensei que não chegaríamos inteiros a esta segunda-feira. Nem quem assistiu a um filme de terror estrelado pelo Michael Myers, o Jason Voorhees e o Freddy Krueger levou mais sustos e passou por mais perrengues do que nós, brasileiros, nestes últimos sete dias. A realidade está dando de goleada na ficção, fazendo atores, roteiristas e diretores perderem seus empregos para os personagens da chamada vida real. Os fantasmas são de carne e osso e os monstros saíram da nossa imaginação para se transformar em autoridades. Irados, os palhaços profissionais estão também reclamando, ante a concorrência desleal (e, diga-se, bem mais ridícula) dos novos bufões de paletó e gravata. O horror, o horror.

E as perdas que sofremos? Paulo Henrique Amorim não aguentou a cruel perseguição de que foi vítima nestes últimos anos nos veículos de comunicação em que trabalhou, levando para o além o seu Olá, tudo bem? e a sua conversa afiada. Francisco de Oliveira, o autor do clássico Elegia para uma Re(li)gião, também pediu o boné, apesar de ter um de couro muito bonito. Não suportou as agruras da real politik, vazando das hostes petistas desde o começo do governo de Lula e especializando-se em jogar gasolina na fogueira que consumiu toda e qualquer esperança de uma direção justa e humana neste país. Por fim, partiu o imenso João Gilberto, o criador da Bossa Nova. "Era uma pessoa conhecida, meus pêsames, tá ok?", disse o "mito". Chega de saudade...

Como disse o poeta, senhoras, levantem a barra de vossas saias que vamos atravessar o inferno: 379 votos a favor e 131 votos contra a reforma da previdência, aquela que vai especialmente matar você de trabalhar, pobre de direita idiota (pleonasmo). Jornalistas amestrados culpando a esquerda pela vitória esmagadora do governo, omitindo o "toma lá, dá cá" de mais de R$ 2 bi aos nobres deputados. Parlamentar Lemann girl, bonitinha, mas ordinária, tirando a máscara baby-face e revelando o vero rosto encarquilhado. Ameaças diárias à universidade pública. Tentativa filhotista de mudar a placa da Embaixada do Brasil nos EUA para Duda's Burger. Blindagem para o marreco de Maringá e o vampiro engomadinho de Curitiba. Abarca, solta o áudio, Glenn!

Paro com as tristezas e lamúrias por aqui, basta de dar gosto a Asmodeu. Melhor falar da beleza, da amizade e das boas coisas do espírito. A semana que acabou de nos deixar (e já foi tarde) brindou-me também com agradáveis encontros com amigos entre goles e fruições artísticas. O Bar do Nonato cada vez mais se parece com um bistrô parisiense, oferecendo no menu pieces de resistance tais como coelhos e cordeiros ao vinho. Na Casa D'Alva, meu caro José Guedes, em sua exposição "Fênix", deu uma de Frank Gehry, amassando pinturas de artistas de sua predileção e criando novas obras de arte. Meu amigo e colega Campelo Costa, ao ver uma Marilyn Monroe de Andy Warhol amarfanhada, berrou: "Valha-me, a Marlene Dietrich é a Marilyn amarrotada!"...