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A engenharia de arrumar o dia a dia e a cabeça
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Adailma Mendes é editora-chefe de Economia do O POVO. Já foi editora-executiva de Cidades e do estúdio de branded content e negócios, além de repórter de Economia

A engenharia de arrumar o dia a dia e a cabeça

Entre os que têm o privilégio de fazer home office - afinal alguns profissionais precisam ir a campo por conta da natureza de seus ofícios e outros por buscarem trabalho que garanta o sustento -, são urgentes a organização mental e autoanálise sobre como trabalhar remotamente
A sobrecarga de trabalho, associada a uma enorme responsabilidade e autocobrança, é um dos principais fatores de adoecimento (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação A sobrecarga de trabalho, associada a uma enorme responsabilidade e autocobrança, é um dos principais fatores de adoecimento

A vida na pandemia nos impôs mudanças rápidas e bruscas. Para além do desafio de lidar mais com a morte, o medo e o desalento trazidos pela Covid-19, tivemos nossas rotinas modificadas do dia para a noite. Até 18 de março de 2020, antes do início do primeiro lockdown no Ceará (19), existiam momentos para cada parte da vida delimitados por deslocamentos físicos e, assim, com limites mais claros de quando começava ou acabava um determinado compromisso, lazer ou período de ócio.

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Crise sanitária e MPs ajudam a consolidar trabalho home office no Brasil

O resultado de tanta mudança é comprovado nas variadas pesquisas que passaram a ser divulgadas sobre a nossa saúde mental, como a One Year of Covid-19, realizada entre fevereiro e março últimos pela Ipsos para o Fórum Econômico Mundial com 30 países, apontando que 53% das pessoas entrevistadas no Brasil acreditam que sua saúde mental mudou para pior desde o início da crise de Covid-19. Apenas 14% declararam melhora na saúde mental e 34% não notaram qualquer diferença. No estudo, o Brasil ficou em quinto lugar dos países do mundo com mais queixas aos prejuízos à saúde mental com a pandemia . Os vencedores na triste lista foram Turquia (61%), Hungria (56%) e Chile (56%).

E quando olhamos para os que estão trabalhando em regime de home office - privilégio, pois afinal alguns profissionais precisam ir a campo por conta da natureza de seus ofícios e outros por buscarem trabalho que garanta o sustento -, são urgentes a organização mental e a autoanálise sobre como trabalhar remotamente.

Nos meus dias sinto na pele a necessidade de tamanha engenharia. Filhos, trabalho, casa e cuidados comigo mesma. Organizar tudo para seguir em frente é importante, mas também convém ter cuidado para não exagerar na dose da organização. Quem pode nos dias de hoje querer controlar bem todas as partes da vida pessoal? A louça precisa esperar, a poeira, ficar mais tempo nos móveis, e as crianças, receber mais compreensão e diálogo. Só assim a mente aquieta, o trabalho flui e as ideias têm mais chances de seguirem em marcha.

Daí que toda ajuda e iniciativa são válidas. Leituras, conversas com amigos, desabafos em casa e percepção do que o próprio corpo está dizendo. E nas horas mais extremas: inspira, respira e não pira.

Ao pensar em algumas dicas que se somam e se sobrepõem entre o que instituições de saúde divulgam, gosto de relembrar as seguintes para trabalhar em home office:

  • É importante adotar uma rotina diária regular para manter o cérebro concentrado e o relógio biológico sincronizado;
  • Não esquecer dos benefícios do Sol. Deixar que a luz do dia toque o nosso corpo em algum momento;
  • Ter hora para trabalhar e evitar a tentação de estar disponível a qualquer horário checando e-mails e mensagens;
  • Separar um lugar como ambiente de trabalho;
  • Ter tempo para se descontrair e para exercitar o ócio;
  • Praticar algum exercício físico;
  • E lembrar que estamos com outras pessoas dentro de casa e que elas também têm angústias e ansiedades. Ser cuidadoso com o tempo e os sentimentos de quem está perto da gente.

Receita pronta para passar pelos dias que vivemos não existe, mas cada um, a seu jeito, vem achando formas de seguir caminhando.

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