Adailma Mendes é editora-chefe de Economia do O POVO. Já foi editora-executiva de Cidades e do estúdio de branded content e negócios, além de repórter de Economia
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Anúncios do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) quanto à situação hídrica do País, intensificados no final de maio, acendeu um alerta aos setores econômicos e à população. Mas qual o tamanho real dessa crise e onde ela pode ser mais impactante?
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O que o órgão - responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) - começou a apontar foi que não será mais possível confiar em uma recuperação dos níveis dos reservatórios atendidos pelas bacias dos rios Paranaíba, Grande, Tietê e Paranapanema, no Sudeste e Centro-Oeste do País, para este ano. Pelo acompanhamento do ONS, o potencial de geração de energia hidrelétrica acumulado entre setembro de 2020 e maio deste ano "configurou-se como a pior condição hidrológica" de todo o histórico de vazões entre 1931 e 2021.
De cara, os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná já têm um alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro e impactos em atividades econômicas, como turismo, agricultura, pesca e hidrovias. A recomendação dada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico foi de reduzir as vazões dos reservatórios para preservar minimamente o que ainda se tem de água. No dia 5 de junho, o volume dos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste era de 31,74%, bem abaixo do registrado no Sul, 58,01%, no Norte, 84,58%, e no Nordeste, 62,40%.
Em uma leitura sequencial, temos aí pontos importantes de impacto não somente para o Sudeste e Centro-Oeste, mas para todo o Brasil. Como o conjunto de reservatórios localizados na bacia do rio Paraná corresponde a 76% da capacidade máxima de armazenamento do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste e a 53% da capacidade de armazenamento de todo o SIN, o ONS correu para ver as condições das termelétricas por todo o País. E quando partimos para as térmicas, que ontem detinham 25,1% da geração de energia no País, estamos falando de contas mais altas.
O impacto para todas as regiões será claramente no custo a ser pago pela energia pelos brasileiros. Hoje, estamos no patamar 2 da bandeira vermelha, no teto de valor acrescido por quilowatt-hora (kWh) consumido, R$ 0,06243 a mais. Contas amargas para se encarar em meio a uma crise econômica e de saúde pública que enfrentamos.
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E quanto a falar em racionamento, ainda é antecipar alarde. O próprio ONS garantiu, em nota, na sexta-feira, 4, que a partir da já aprovação de determinadas medidas pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), o cenário de falta de energia não se concretizará, com fornecimento garantido e potência, em 2021. As medidas são de flexibilização das restrições hidráulicas dos aproveitamentos localizados nas bacias dos rios São Francisco e Paraná; aumento da geração térmica e da garantia do suprimento de combustível para essas usinas; importação de energia da Argentina e do Uruguai, além de campanha de uso consciente da água e da energia.
Para além da garantia dada para este ano, é preciso ver ainda o quanto todo esse cenário vai influenciar na decisão do Congresso quanto à Medida Provisória (MP) de privatização da Eletrobras, cheia de jabutis a favor das térmicas. Veremos até 22 de junho.
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