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Rio Grande do Norte:o Senado como foco
Alan Lacerda

Rio Grande do Norte:o Senado como foco

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No artigo anterior que publiquei n'O POVO, registrei que a governadora Fátima Bezerra reduziu a competição em torno do seu cargo através da cooptação do adversário direto na disputa de 2018. A petista mergulhou grande parte da elite política potiguar na tibieza ao trazer para sua aliança, como candidato ao Senado, o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT). Coloquei também que esse movimento, tido em vários círculos como inteligente, deixou-a circundada pela família Alves, na medida em que o ex-presidente Lula, determinado a aglutinar todo o MDB nordestino, impôs o nome do deputado federal Walter Alves na vice.

Já é possível perceber também que a governadora pode ter apenas transferido a competição de um lugar para outro. Como o ex-prefeito é um apoiador formal de Ciro Gomes e o ex-ministro Rogério Marinho (PL), outro aspirante a senador, é claro apoiador do presidente Bolsonaro, lacuna aberta para a emergência de um postulante que seja afinal pró-Lula.

Tal nome não apenas surgiu como é igualmente pró-Fátima. Trata-se do deputado federal Rafael Motta, do PSB. O partido tem a vice de Lula, através de Geraldo Alckmin, assim como participa da base de sustentação da governadora. No início de maio, ofícios da seção estadual enviados a institutos de pesquisa pedindo para incluir o nome do deputado nas sondagens deixaram claro que Motta e a direção nacional já estavam prontos para o movimento, na medida em que esperaram Bezerra descartar em definitivo a reeleição do senador Jean-Paul Prates (PT).

A recente decisão do TSE, que proibiu coligações majoritárias "cruzadas", não desanimou o PSB potiguar, que retém a opção de apoiar informalmente Fátima. Na sondagem Seta de junho, Carlos Alves registra 18% das intenções de voto, enquanto Marinho e Motta obtêm 16% e 9%, respectivamente. O eleitor ainda não está prestando atenção nessa disputa em particular e qualquer resultado pode acontecer. O fato é que a tática da governadora pode produzir a primeira disputa senatorial de maioria simples (uma vaga) no estado que não é bipolar. Motta explora em seu discurso, além da juventude (ele ainda fará 35 anos) e do discurso de esquerda, a inadequação programática de seus dois adversários. Ataca Marinho por ter retirado direitos trabalhistas, enquanto Alves seria de certa forma uma "metamorfose ambulante". n

 

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Alan Lacerda

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