- FINALMENTE, um prato quente aqui no Castelão, hoje à noite, Fortaleza x Atlético-MG, lamentando não ter público presente. Aparelhos de TVs servirão de palco para o público virtual que, se presencial, entupiria a nossa Arena. Alguém duvida?

- FÁCIL explicar. Galo é um dos raros times do futebol brasileiro que joga e deixa o adversário jogar, conta e risco da sua forma ofensiva de ser. Para o adversário, só há dois caminhos. Encará-lo de frente, o que será um risco, ou retrancar-se todo, exalando medo ou precaução excessiva.

- SAMPAOLI, todos conhecem seu estilo. Bota seu time em campo pra ganhar ou pra perder, dentro daquela máxima de que correr risco em futebol faz parte da própria existência. Ceni procura seguir este rumo. Como ainda tateia nessa estrada, um dia chegará lá. Falta-lhe a experiência que, no argentino, sobra. Mas gosto da postura dele, Ceni, antipatia à parte.

- NÃO é de agora que Sampaoli adotou esta marca. Vem desde que surgiu como trinador. Ele não entende, como eu também, que um time vá a campo abarrotado de receios, não tente vencer, procure não perder, retrancando-se dos pés a cabeça.

CAMINHOS & ENCRUZILHADAS

- FUTEBOL, ensina o grande Tostão, são tantos os caminhos a serem seguidos, tantas decisões nas encruzilhadas. Basta escolher a melhor delas. Difícil é achá-los, não para quem tem olho clínico de um técnico que vê e antevê. Sampaoli tem esse privilégio, enquanto Ceni engatinha pelo caminho certo. Afinal, quem vai a um estádio ver uma partida de futebol, exige, no mínimo, que as redes balancem. O gol ainda é, será sempre, quem fará a alegria do torcedor. Ninguém vai a um estádio ver 0 a 0.

ENSINA & PUNE

- PARTE que me toca, tantos anos de estrada, tenho ojeriza a ver em campo equipes receosas, medrosas mesmo, por falta de ousadia a mais dos seus treinadores, os pseudos-professores. Aqueles que pensam saber tudo, nada sabem. O futebol, aos beócios e enganadores, ensina, mas também os pune, quando se desviam da sua finalidade.

CAMINHO MAIS CURTO

- NÃO é de agora, se sabe que o caminho mais curto para se chegar ao objetivo do gol é atacar, preferivelmente pelas pontas, em velocidade, pouco se importando se haja ou não atacante referência, espécime em extinção no futebol. Sampaoli aprendeu cedo este caminho. Aqui, quem o aderiu foi César Morais, copiando do verdadeiro pioneiro, Martim Francisco, que fez do modesto Bangu campeão carioca e o Vasco várias vezes.

O BOM ALUNO

- CENI não aprendeu as primeiras lições com Sampaoli, mas de um da mesma escola, Osorio, que passou pelo São Paulo, na última Copa dirigiu o México, que deu um baile no Brasil, só não o vencendo por suas limitações técnicas. O futebol brasileiro, tendo Tite como referência, vai demorar muito a vencer outra Copa.

SOPINHA DE NÚMEROS

SÃO adeptos da sopinha de números. Aquela de baratinar a cabeça dos seus comandados. Onde já se viu um atacante atuar como pivô, de costas para o gol, abrindo corredor para os companheiros passarem? É este o desenho do futebol brasileiro de hoje. Ou, então, a retranca total, desde que não se arrisquem a vencer, porque, ainda assim, empatar é melhor. Esta a filosofia que reina, infelizmente, num país onde um dia foi o cetro referencial do mundo.

DENTRO DO FIGURINO

- ESTRIBADO neste figurino do argentino Sampaoli que o Atlético-MG disparou na liderança do Brasileirão, acima 5 pontos do segundo colocado. Pode até cair de produção, é natural, numa competição tresloucada como esta. Jogador não é máquina, humano que é.

ANTES QUE ESQUEÇA...

- CENI já enfrentou Sampaoli duas vezes. Uma quando dirigia o esfacelado Cruzeiro. Outra, comandava o Fortaleza. O argentino treinava o Santos. Nas duas, deu Ceni na cabeça...

- NAS duas, uma curiosidade. Terminado o jogo, mesmo derrotado, Sampaoli ao abraçar Ceni, disse-lhe -"Siga este caminho. Ele é o certo no futebol".

- SE Ceni for inteligente aplicará o mesmo antídoto de Sampaoli, lançando o Tricolor num 4-3-3, montado no qual venceu bem o Ceará, no último clássico.

- CEARÁ, amanhã, cedo da noite, em Curitiba, diante do Athletico-PR...

- INCRÍVEL. Os números não mentem. Defesa e meio campo do Ceará, proporcionalmente, balançaram as redes mais do que os atacantes. Falta alguém neste manicômio?