.NÓ tático com o qual Ceni paralisou o Atlético-MG, mais precisamente Sampaoli, podem crer, custou-lhe uma noite quase completa de sono. Desfiando vários "teipes" do time mineiro, sua forma de jogar, pontos fortes e fracos, estratégia de jogo. Enfim, essa barafunda toda.

DISFARCES

.AO seu lado, a comissão técnica, para ajudá-lo a elucidar alguns senões da equipe mineira. Precisamente nesses pontos, Ceni queria montar suas armadilhas. Se fosse o caso — acabou sendo — mudaria até mesmo a forma de o Fortaleza atuar, tão conhecida e explorada. Aquela do 4-2-4 que não passa de um 4-3-3 disfarçado.

PONTOS CARDEAIS

.DO adversário conhecia quase tudo, maneira como Sampaoli armava suas equipes, não abrindo mão do 4-3-3, rígido, espécie de uma nota só, explorando as pontas, lançamentos pra área. Objetivo era neutralizar esses pontos cardeais.

AFIADA & AFINADA

.CENI queria tudo menos perder no Castelão. Empate já seria bom negócio diante de uma equipe embalada na liderança do Brasileirão, afinada e afiada até os dentes. Calculou certo. Se fosse enfrentar o Galo com suas mesmas armas, ou seja, mesmo modelo, correria sérios riscos. Fundamental seria fazer o diferente.

O ESTALO

.BEIRANDO duas da madrugada, veio o estalo. Se o importante era não perder, por qual razão não radicalizar? Entenda-se como radicalizar mudar o modelo tático com o qual os atletas já estavam acostumados. Era uma ideia que acabou se transformando em realidade.

CAMINHO DAS ÍNDIAS

.AJUDA da sua prancheta e respectivos botões foi movendo as peças. Faria duas linhas de quatro jogadores, quer dizer, quatro na meia-cancha, cada qual com missão especifica. Quatro na defesa (Gabriel Dias, Roger Carvalho, Paulão, Carlinhos). Mais um quarteto na meia-cancha (Tinga, Ronald, Felipe, Juninho). Os dois primeiros para o combate inicial, enquanto Felipe e Juninho repetiriam o repertório. Estava descoberto, teoricamente, o caminho das Índias!

ÚLTIMO CALO

.FALTAVA remover o último calo. Dois atacantes velocistas na frente, entre os quatro à sua disposição. Optou pela dupla — Romarinho, versátil, passando por ótima fase e David, atuando mais à frente, pois o desejo de Ceni é abolir o atacante referência.

MISSÃO ESPECIAL

.TINGA, por sua versatilidade e preparo físico, entregaria a missão de flutuar entre o quarteto de meio campo e os dois atacantes para os quais serviria bolas. Tinga está ótimo e joga em qualquer uma. O passe que deu para o gol de David foi com açúcar e afeto. Só faltou gritar o tradicional "faz" pra David concluir às redes, no lado oposto onde estava o Éverson. De tão emocionado pelo gol marcado, David sentiu uma lesão, deixou o campo. Tinha mandado o azar pros cafundós...

ARMAS SECRETAS

. COMO opção teria no banco dois velocistas (Osvaldo e Yuri César), afora outras alternativas como Bruno Melo e Wellington Paulista. Tanto que com a contusão de David, o técnico tricolor lançou mão imediatamente de Yuri César. Osvaldo seria guardado pra reta final e Bruno Melo, última alternativa. Eram as armas secretas de que Ceni dispunha pra detonar o Galo Mineiro.

COLÍRIO

.GOL de Bruno Melo, cabeça enfaixada, foi um colírio. Lançamento perfeito de Osvaldo, encontrou a cabeça de Bruno Melo do outro lado. Diante de um Éverson perplexo, o lateral cabeceou no contrapé, deixando-o catatônico. Estava decretada, ali, a vitória mais importante do Fortaleza neste Brasileirão. E selada a sorte do todo poderoso Atlético-MG.

RIFIFI

.ATÉ hoje não se explicou o rififi provocado pelo Sampaoli que, após o jogo, entrou em campo pra tomar as dores com WP9. Por pouco o tempo não fechou. Não apareceu um policial pra apartar a briga apesar da saraivada de palavrões.