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Perder fazendo frente ao Flamengo não é de se lamentar tanto assim
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Perder fazendo frente ao Flamengo não é de se lamentar tanto assim

Fortaleza fez bom segundo tempo, surpreendeu Ceni e ameaçou empate com o todo-poderoso Rubro-Negro. Não foi suficiente
Tipo Opinião
Lance durante partida entre Flamengo e Fortaleza, válida pelo Campeonato Brasileiro da Serie A (Foto: MARLON COSTA/AE)
Foto: MARLON COSTA/AE Lance durante partida entre Flamengo e Fortaleza, válida pelo Campeonato Brasileiro da Serie A

. ERA previsível que o Fortaleza perdesse para o Flamengo no Maracanã (2 a 1), ontem à noite, por várias razões. Perdeu, mas não fez feio, se é que vale como consolo, assim como poderia ter surpreendido, ao menos com um empate, que lhe faria justiça, se o Robson não perdesse aquela chance no final do jogo. Faz parte do figurino do futebol perder gols feitos. Caso contrário, que graça teria?

.CLARO que, em pleno Maracanã, o Mengão fosse o favorito, afinal, ali é seu terreiro. Deu até a impressão de que golearia com os dois gols marcados logo no primeiro tempo, através de Bruno Henrique. Foi quando o Tricolor conseguiu arrumar a casa, partir para a reação que veio no segundo tempo, logo aos 14 segundos, através de David.

.A PARTIR daquele momento, com as mudanças feitas, o técnico Juan Pablo sentiu que podia, sim, chegar ao empate. O Flamengo não o assustou, muito menos ele mudou a postura do Tricolor atuar dentro das quatro linhas. Quem não tem medo de ousar fica mais próximo da vitória.

.QUEM deve ter se surpreendido com a reação do Tricolor foi seu ex-treinador Rogério Ceni. Esperava ver um time acuado e cheio de medos, pra evitar um vexame maior após os 2 a 0 construídos na primeira fase. Enganou-se redondamente. O que ele viu da borda do campo foi um adversário impetuoso, tangido pelo gol de Robson e prenhe de motivação.

.O JOGO, depois daí, tomou outro rumo, ganhou nova feição. De um lado o Flamengo, já mais precavido na tentativa de evitar o pior. Do outro, um Fortaleza que em nenhum momento se deixou abater pela pretensa superioridade e o peso do adversário. O Tricolor, tão à vontade ficou, parecia estar jogando dentro do Castelão.

.ESTE fator deve ter surpreendido também ao Flamengo, especialmente ao Ceni. O time que por muito tempo dirigiu, em nenhum momento se revelou abatido, nem apelou para a conhecida precaução, contanto não sofresse uma goleada. Viu, isto sim, um Fortaleza aguerrido, dinâmico em suas linhas, intenso na sua forma de jogar, filosofia que o argentino Juan Pablo incutiu na cabeça dos seus comandados.

.SE tivesse chegado ao empate não seria nenhuma surpresa. Por alguns momentos da partida passou essa impressão. Houve ocasião em que chegou a encurralar o Flamengo em seu próprio campo, imprimindo ao jogo maior movimentação.

.ESTE Brasileirão tem mostrado, pelo menos neste início, uma faceta interessante. Qual mesmo? As equipes de menor porte técnico perderam o chamado complexo de inferioridade, encarando os adversários mais poderosos de frente, desconhecendo seus poderios que os fazem favoritos antes mesmo da bola começar a rolar.

.FOI bom jogo de se ver, mais porque o Fortaleza obrigou o Flamengo a redobrar esforços para segurar a vantagem obtida no primeiro tempo. Num dos gols houve falha do bom goleiro Felipe Alves. Mas não invalida suas qualidades. Que goleiro, por melhor que seja, não comete falhas? Uma partida traz no bojo várias situações, porque o futebol será sempre assim. Vai longe o tempo em que, apenas com nome e fama, um time de maior porte já entrava em campo, antecipadamente, como vencedor.

.FLAMENGO venceu, isso é inconteste, mas teve de se desdobrar muito para manter a vantagem no placar ao ter pela frente um adversário que resolveu encará-lo sem medos. Se tivesse acontecido o empate, também, não teria causado nenhuma surpresa. O Fortaleza ganhou outra postura a partir da mudança de técnico e sua forma de atuar. Isso, com certeza, deve ter surpreendido ainda mais ao Ceni.

MAIS FUTEBOL

.HOJE, aqui no Castelão, no mesmo horário de ontem, o Ceará enfrentará o Atlético-MG. Na partida contra o Internacional, o Alvinegro deu sinais alentadores de progresso, aproveitando-se da má fase do time gaúcho.

.ONDE mesmo Ceará mudou? Guto Ferreira deixou de lado a forma precavida de jogar, trocando-a pela ousadia. Não tão intensa assim, embora já se fizesse sentir.

.HOJE, porém, é outro jogo, outro adversário, o que não impede o Alvinegro de continuar tentando mudar sua postura de atuar, levando em conta o fator de que jogará em seus domínios. Não é uma grande vantagem, mas também não deixa de ser um alento de que, aos poucos, o time pode ganhar nova cara. Uma mudança de postura será sempre bem-vinda. E o Ceará está a precisar.

RASTILHOS

.REENCONTRO dos jogadores do Fortaleza com o ex-técnico Ceni, antes da partida de ontem, já era previsto. Enfim, ele conviveu por bom tempo no Pici, provocou várias mudanças, principalmente estruturais. Cada abraço representava um agradecimento.

.TRICOLOR deve muito a ele, mas a recíproca é verdadeira. Foi lá que Ceni se fez treinador, seu maior sonho. Sua ida para o Flamengo foi reflexo do bom trabalho que realizou no Fortaleza.

.AFINAL, era ainda segunda vez que enfrentava seu ex-clube, comandando o Flamengo que, talvez, nem estivesse em seus planos naquele momento, quem sabe um pouco mais na frente. A chance surgiu, ele não tinha como não agarrá-la. O resto mais é passado que o vento levou.

 

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