FORTALEZA segurando a lanterna do Brasileirão pode ser prenúncio de maus ventos pela frente. Espera-se que não. Há uma longa estrada a ser percorrida, convém lembrar, acontece que para todos.

CEARÁ também na zona de rebaixamento. Até parece combinaram. Será? Um pouco mais acima, contudo em posição nada cômoda. Sinal de alerta para a dupla começar a cuidar de suas casas. Brasileirão, pontos corridos, cada qual que trate de varrer o seu terreiro.

SIM, porque achar que pontos perdidos podem ser recuperados, todos pensam da mesma forma, maneira de consolar a torcida com palavras ao vento e promessas vãs. Torcedor interessa ação e vitórias.

ADEMAIS, ficar catando desculpas pueris, vai longe o tempo que enchiam barriga. Hoje, a situação é outra bem diferente. Todos brigam por um mesmo objetivo, qual seja salvar suas peles. Não foi um bom final de semana para os dois cearenses. Antes pelo contrário, foi péssimo.

PEQUENA amostra grátis. Nos quatro jogos disputados, o Tricolor só obteve um mísero ponto, enquanto o Ceará conseguiu três. Ainda assim está na zona do inferno, cujo caldeirão começa a arder. Para os dois, não custa lembrar.

CEARÁ, por exemplo, perdeu invencibilidade fora de casa desde a queda no Estadual. Ao todo, oito jogos invicto, inclusos aí Copa do Brasil, Nordestão, Sul-Americana e Brasileirão. Que salada, hein!

PINGA-FOGO

INSTILE-SE mais outro detalhe, em forma de pinga fogo. Há precisamente 40 longos anos (pasmem!) que o Alvinegro permanece sem vencer o Athlético Paranaense dentro de Curitiba. Voltarão a se rever na volta do turno. Na Arena da Baixada, só no próximo ano. Isto é, se não acontecer uma hecatombe, que Deus livre o Ceará desta maldição.

NÃO bastasse outra escrita, o Fortaleza completa precisamente cinco jogos sem derrotar o São Paulo, tanto atuando aqui quanto no Morumbi. Hoje, sob o comando do Ceni, aquele mesmo que saiu pela porta dos fundos do Pici. Não perdeu nenhum dos quatro jogos diante do seu ex-clube.

AINDA teve o desplante de formar, com as duas mãos, um coração para os torcedores do Tricolor. Deve ter sido em forma de duplo agradecimento. Primeiro, por sido aqui, precisamente no Fortaleza, onde afirmou-se como técnico. Depois porque, como o resultado lhe convinha, não custava nada fazer média. Felizmente, para ele, não foi vaiado.

DISPARADAMENTE Pikachu foi o autor do gol mais bonito da rodada. Está jogando o fino. Incrível que pareça, mesmo sendo um lateral disfarçado, pois atua em todo lugar toda hora, todo tempo, é o artilheiro do Fortaleza, missão que não deveria ser sua. Pudera! Quem mandou o Silvio Romero ser ruim de doer e quem atua ao seu lado, ainda pior?

ROBINSON de Castro deve pago todas as promessas do mundo ao perder Romero para o Fortaleza, por quem estava na disputa, sem sequer pensar, de longe, que estava saltando uma enorme fogueira.

COMO assunto puxa o outro, quem naquele ataque epilético do Ceará chega a ser melhor que o Romero? Pronta resposta — ninguém. Alvinegro, a exemplo do rival, carrega consigo o pecado de não ter um artilheiro nato. Os que lá estão, trocando um pelo outro, botem riscar o fósforo...

POIS é, quem diria! O Dentinho finalmente entrou em campo. Tão opaca sua atuação, raros conseguiram enxergá-lo. Isolado na ponta, invenção do Dorival Júnior, não passou de mero fantasma perambulando nas quatro linhas, sem saber o que estava fazendo ali.

QUEM avisa, amigo é. Se Luiz Otávio continuar como cliente assíduo da enfermaria alvinegra, corre sério risco de perder a posição para Gabriel Lacerda, vindo das bases, que jogou por ele e pelo fraco Lucas Ribeiro.

RIVAIS cearenses, quem diria, se igualam em termos de ruindade. Ceará perdeu terceiro jogo seguido e o Fortaleza não vence há quatro partidas na Série A. O filósofo Risadinha criou frase simples, porém, genial — quem ganha sobe; quem perde desce e quem empata não sai do lugar.

QUEM disser que atuar em casa, isto é Castelão, leva determinada vantagem está na hora de rever seus conceitos. Pequeno exemplo — Fortaleza e Ceará disputaram doze pontos no Castelão. Sabem quantos pontos obtiveram? Apenas um. De duas, uma — ou combinaram entre si, ou há algo de errado nos arraias alvinegros e tricolores. Quem quiser apostar nas duas hipóteses, sinta-se à vontade.

PARA quem dá valor a tabu, Fortaleza jamais sentiu o gosto de vencer qualquer equipe comandada pelo Ceni, casos aí de Flamengo e, agora, São Paulo.

ALIÁS e a propósito. Ceni, talvez seja um dos raros casos de goleiro que vem dando certo como técnico de futebol. Se houver algum outro caso igual ou parecido, venham em meu socorro...