Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
- Beira às raias do comovente a solidariedade entre Ceará e Fortaleza neste Brasileirão, ambos, aliás, olhando pra zona de rebaixamento, logo ali atrás da dupla. Até nisso? Faz parte da ciranda de uma campanha que alvinegros e tricolores realizam entre mais baixos do que altos, de conformidade com o balanço da competição.
- Atentem para alguns pequenos exemplos. Se um perde aqui, o outro, dia seguinte, perde onde for jogar fora. Se empatam fora, empatam aqui também. Sem querer ir tão longe, reparem para os dois últimos jogos. Fortaleza, aqui, contra o Flamengo, num dia, Ceará, versus Santos, no outro.
- Tricolor, diante do Fla, gambiarra à parte, ficou em vantagem no placar no início do segundo tempo. A partir daí, resolveu retrancar-se dos pés à cabeça, convidando gentilmente o visitante pra um aluga-se meio-campo. Quem faz este tipo de jogo está, também, pedindo pra perder. Não deu outra. Mengão empatou, chegou aos 2 a 1 ajudado por uma arbitragem calamitosa e um VAR comprometedor. Valeu, contudo, o que o placar registrou.
- Dia seguinte, na Vila Belmiro, diante do Santos, Ceará começou até bem, fez 1 a 0, deu a impressão de que poderia pregar uma zebra daquelas. Acontece que o jogo tem dois tempos. No segundo, fez exatamente o que o rival Fortaleza fizera aqui uma dia antes. Recuou todo o time e chamou o Santos pro seu campo, deixando-o totalmente à vontade.
- De tanto atacar pelas laterais, preferivelmente pela direita, onde escancarou-se uma avenida feérica, tome bola pra área alvinegra. Duas cabeçadas fatais decidiram a partida e a vitória santista. Também, por coincidência, os mesmos 2 a 1 de um dia antes no Castelão. Resultado — os dois perderam três pontos preciosos e despencaram na tabela. Por acaso correm perigo? Mais dois vacilos e a subida de quem vem abaixo, tudo desmorona.
- Cabe a pergunta, até certo ponto idiota: esse figurino faz parte do tal pacto celebrado entre alvinegros e tricolores, começo do ano, cujo objetivo era mostrar que dois inimigos podem não mandar flores, mas podem viver harmoniosamente sem brigas, nem confusões, na santa paz de Deus? Se não for muita coincidência, é coincidência mesmo...
- Derrota para o Santos mostrou que o Ceará, ao trocar de treinador, Enderson Moreira por Adílson Batista, em nada melhorou. Se estava ruim, ficou pior...
- Pior visitante dos 20 clubes. Apenas uma vitória e dois empates. Em 13 jogos só conseguiu 5 pontos atrás até dos últimos colocados Avaí e Chapecoense...
- Pasmem. Há quase cinco meses o Ceará não vence fora de casa. Única vitória contra o Avaí, em 27 de maio...
- Campanha de Adílson até agora. Em 4 jogos, apenas uma vitória e 3 derrotas. Em 12 pontos disputados ganhou somente 3...
- Radicalmente adepto do sistema defensivo (4-6-0), repetiu contra o Santos, quer dizer ninguém no ataque pra chutar uma bola ou ao menos fazer cócegas nos zagueiros.
- Contra o Santos, apenas dois chutes. O de Lima, de fora da área, que Éverson falhou por estar adiantado e o do Bergson, que só entrou no final do jogo, rebatida do Éverson que Quixadá concluiu pra longe...
- Antes que esqueça. Alguém precisa avisar ao técnico Adílson, preferivelmente o presidente Robinson, que o ressuscitou, vence jogo quem ataca o adversário. Quem entrar em campo pra jogar pelo empate pouco adiantará. Em casa ou fora...
- Inexplicável como tendo dois pontas velocistas no banco (Mateus e Leandro Carvalho) resolva optar pelo Pedro Ken e Baxola, duas nulidades...
- Curiosidade. Pela segunda vez em 26 rodadas ocupa a 16ª colocação, um passo apenas da zona de rebaixamento, onde já esteve uma rodada...
- Ceni hoje contra o Grêmio completará 100 jogos no comando do Fortaleza, um dia após o clube completar 101 anos... /// Clube rico é outra coisa. Grêmio enfrenta o Fortaleza com time totalmente reserva, embora viessem todos os titulares na delegação. Explica-se. Três horas depois embarca pro Rio pra enfrentar o Flamengo, quarta-feira, pela Libertadores, com força máxima. Libertadores pelo visto é filé. Brasileirão, pro Grêmio, carne de pescoço.../// Médico do Ceará, Joaquim Garcia Filho nunca trabalhou tanto como no jogo contra o Santos. Entrou 12 vezes no gramado pra acudir jogador alvinegro contundido ou fingindo estar. Lá, diferente daqui, tem carro-maca. Menos mal... /// Sabia que Ceni só podia estar imitando alguém. Argentino Sampaoli, aquele dos braços tatuados e corpanzil de lutador, nunca repetiu mesmo time de um jogo pro outro...
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