Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.
. SURGIU o primeiro caso de racismo no futebol cearense. Um dia teria de acontecer. E aconteceu justamente no jogo Caucaia x Barbalha, no estádio do primeiro.
. ACUSAÇÃO partiu do goleiro do Barbalha, ao se sentir ofendido por gritos não identificados das arquibancadas, dardejando-lhe toda bílis do racismo.
. O QUE era pra ser feito, ao se sentir ofendido, ele o fez. Chamou o árbitro, denunciando. Este chamou o representante do Caucaia pra apaziguar os insultos dos torcedores.
. QUAL o procedimento? Após a partida, registrar a ocorrência na delegacia do Município em forma de BO. Omissão imperdoável.
. ÁRBITRO fez o seu papel constando em súmula o protesto. Especificando não ter citado os autores. Este, o resumo do primeiro caso de racismo por essas bandas.
PALAVRA ABALIZADA
. MEU Trem das 5 aproveitou o mote. Como não encontrou ninguém do TJDF, talvez ainda dormindo em berço esplêndido, optou por ouvir o craque do direito esportivo e outros segmentos, Carlos Tolstoi.
. TOLSTOI, contundente. "Procedimento normal do atleta. Do árbitro também, ao constar em súmula. Até aí tudo bem. Mas por acaso identificou o autor ou autores? Se não identificou, a prova fica nanica, porque aí caracteriza-se palavra contra palavra? O chamado disse-não-disse".
. ALGUÉM terá filmado a cena dos insultos? Como dentro do estádio de Caucaia, somente com seus torcedores, por qual razão, iria fazê-lo?
. ISSO não impede que o caso tenha desdobramento. Isto é — se a diretoria do Barbalha quiser levar adiante. Caso contrário, lamentável, mas o precedente está aberto.
. PALAVRAS abjetas no dicionário atual, futebol, ou não — racismo, xenofobia, preconceito, discriminação, assédio moral e sexual, femicídio, tantos outros mais.
. As pessoas perderam a elegância no falar, o respeito ao próximo, a ética de comportamento. Coisas que o tempo levou...
PÉROLAS INESQUECÍVEIS
. Cem anos de José Raymundo Costa, que tanta coisa me ensinou. Algumas pérolas inesquecíveis que guardei como ensinamentos do bom jornalismo. Anotem, recortem, passem adiante.
. "LEMBRE pra sempre. O espaço não é seu, é do jornal, emprestado a você. Valorize-o pra demorar mais tempo..."
. PRIMEIRO presente que dele ganhei, no meu aniversário. Dicionário Aurélio. Oferecimento, um primor - "Nos pequenos erros, recorra ao Aurélio. Nos grandes, recorra a Deus..."
. MORAVA de aluguel. Fui pedir empréstimo pra comprar minha primeira casa própria, através do jornal. Pronta resposta -"Jornal não é banco pra emprestar dinheiro. Conheço um amigo que pode lhe emprestar. Serei seu avalista. Fui atendido. Dez prestações. Disse ao amigo dele — "Cada dia 27 virei aqui pagá-lo". Dito e feito. Quando paguei a última, ele virou-se pra mim -"Se você precisar de um avalista e o Costa não quiser, pode vir que serei com o maior prazer".
. CONSELHO precioso -"Leia sempre e muito. Quem lê aprende a escrever e erra pouco, sempre com um dicionário por perto..."
. MAIS outro -"Quando sentar na máquina, escreva para o leitor, nunca para você, pois é o leitor quem compra o jornal..."
. VALE mais um? Sabe aquela bordão do pão-pão, queijo-queijo só pode ter sido inventado por ele. Era rápido na resposta — não ou sim. E vamos mudar de assunto.
. FUTEBOL, quando era o faz tudo do Fortaleza. Nado e Dimas já haviam acertado com o Ceará. Os dois apareceram pra renovar contrato com o Fortaleza. Papo furado. Seu Costa pediu a proposta da dupla. Um absurdo. Encerrou o papo - "O Fortaleza oferece aos dois os mesmos salários. Como vocês já acertaram com o Ceará, vamos falar agora sobre o descobrimento do Brasil".
. PELA primeira vez foi padrinho de casamento. No meu com a Ivanilde. Ah, que saudade dos almoços dominicais, galinha à cabidela que dona Djanira preparava e nós como únicos convidados...
. MIL saudades sem fim deste homem tão diferenciado, que marcou para sempre minha vida de jornalista.
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