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Falta de paciência do São Paulo fez aniversariante Ceni cair do céu no Fortaleza
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Colunista do O POVO, Alan Neto é o mais polêmico jornalista esportivo do Ceará. É comandante-mor do Trem Bala, na rádio O POVO/CBN e na TV Ceará. Aos domingos, sua coluna traz os bastidores da política e variedades.

Alan Neto esportes

Falta de paciência do São Paulo fez aniversariante Ceni cair do céu no Fortaleza

Tipo Opinião
Rogério Ceni está no Fortaleza desde a campanha de acesso em 2018. (Foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO)
Foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO Rogério Ceni está no Fortaleza desde a campanha de acesso em 2018.

. Ceni fez ontem 47 anos, logo, nas fraldas como técnico de futebol que ele meteu na cabeça um dia ser quando parasse de jogar. Quase outro dia, aos 42, ao sentir que os reflexos estavam sumindo.

. Preparou-se pra ser treinador, inclusive estagiando por um ano em grandes clubes europeus. Tinha sede de aprender os mistérios da nova profissão com treinadores experientes e famosos.

. Principal sonho era estrear na nova profissão justamente pelo São Paulo, que o viu nascer para o futebol e lá tornou-se ídolo, mito e único goleiro-artilheiro do mundo com mais de 100 gols.

. Voltar ao São Paulo como técnico foi o primeiro grande erro de avaliação de Ceni. O clube o acolheu após o estágio na Europa. Acontece que torcedor sabe separar o joio do trigo, ou seja, o jogador, ídolo e mito do técnico de futebol. A distância desse paralelo beira o abissal.

. Tradução. Atleta, o torcedor perdoa seus erros, embora saiba aplaudir seus feitos, por vezes glorificá-los. Quando o São Paulo, Ceni já como técnico, começou a perder jogos quase seguidamente, a paciência da torcida esgotou-se.

. Daí pra pedir a cabeça daquele que fora ídolo e mito não demorou tanto. Ou seja, Rogério começou a nova carreira pelo caminho errado. Primeiro teria de estagiar em alguns clubes pra voltar ao clube onde nasceu pro futebol.

Quem caiu do céu

. Fortaleza caiu do céu na vida e na nova carreira de Ceni. Quando deu um estalo na cabeça de Marcelo Paz, trazê-lo pro Tricolor, coisa que ninguém jamais acreditou acontecesse.

. Além de ser a maior jogada de marketing de todos os tempos, oferecia a ele a grande chance de estagiar num clube de menor porte, longe do foco da impiedosa imprensa sulista, sem a mesma cobrança. Repercussão foi total, colocando o Fortaleza no foco de todas as mídias. Mas Ceni sempre foi um nome nacionalmente respeitado.

. Foi no Tricolor onde aprendeu as mumunhas do futebol, trabalhar assiduamente com jogadores desconhecidos, aplicar seus métodos revolucionários, impor o modelo que sempre achou o ideal para um time de futebol.

. Fortaleza tornou-se assim a grande escola de Ceni, hoje consagrado na profissão, tantos os feitos conseguidos em apenas três anos.

. Ousadia de um modelo ofensivo (4-2-4). que não deixa de ser um 4-3-3 disfarçado. estava ali dado o recado. Queria um Fortaleza ousado, ofensivo, intenso, pouco preocupado em segurar empates, sim de procurar vitórias.

. Caminho mais fácil. Ao invés de esperar o adversário, partia logo pra cima, com dois pontas ofensivos, atacante centralizado e um meia chegando de trás. Experiencia foi um sucesso total. Tricolor subiu pra Série A, após sucesso na Série B, ele no comando, instalou-se no Brasileirão. Este ano levou o Fortaleza ao pódio da Sul-Americana, fato inédito.

. Antes que eu me esqueça. Ceni aprendeu com Juan Carlos Osorio, técnico que um dia passou pelo São Paulo, o método de atuar ofensivamente, numa lição simples — atacando, tem toda chance de chegar mais perto do gol adversário e da vitória.

Tabus quebrados

. Dois tabus que Ceni quebrou, conforme a lenda. Raro o goleiro que dá bom técnico de futebol, por atuar isoladamente. Leão ainda tentou. Como criava problema por onde passava, demorou pouco.

. A segunda. Goleiro como técnico seria um retranqueiro a mais no futebol. Provou exatamente o contrário. Ceni ainda irá longe como treinador, conforme previsão do mestre Tostão, seu maior fã. Ele é obstinado e perfeccionista em tudo que faz no futebol.

. Mesmo com o fracasso no Cruzeiro, onde esperava dar seu salto maior na profissão, jamais poderia dar certo, vítima de boicote miserável dos atletas em represália à crise financeira da Raposa, como se ele, Ceni, fosse o maior culpado. Até quem entrou em seu lugar, escolhido pelos próprios atletas, técnico Abel Braga, também foi vítima do boicote proposital. O Cruzeiro queria cair de propósito em represália à diretoria. Aliás, acabou salvando o Ceará do rebaixamento. Bendito boicote...

Morte súbita

. Horizonte, primeiro a cair fora do Estadual, obra-prima do Mauro Carmélio, em apenas 18 dias, ao perder do Floresta, seu companheiro de Z-2. Paulão Wagner e Roberto Carlos enterraram o Horizonte sem choro nem vela. Que dupla!

. Outro jogo, Ferrão empatou com o Pacajus (0 a 0). Detalhe: foi a partida onde se registrou maior número de impedimentos - bem uns 40. Até o Miguel Júnior, cansou de contar...

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