Ancelotti aumenta chance de hexa e de acomodação na CBF
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, em 2018, virou editor-adjunto de Esportes. Trabalhou na cobertura das Copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Esportes do O POVO, depois de ter chefiado a área de Cidades. Escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO
Ancelotti aumenta chance de hexa e de acomodação na CBF
Contratação do multicampeão técnico italiano pode até trazer o título na Copa do Mundo de 2026, mas não resolve os diversos problemas do futebol brasileiro atual
Foto: LLUIS GENE / AFP
Técnico Carlo Ancelotti no jogo Barcelona x Real Madrid, pela LaLiga
Agora que Carlo Ancelotti confirmou, eu finalmente acredito. A credibilidade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é tanta que é sensato duvidar do que ela mesmo divulgou na segunda-feira, 12. Fato é que no dia 26 de maio, o Brasil voltará a ter técnico, depois de dois meses à deriva.
Aliás, dois meses é menosprezar o descaso. Desde a saída de Tite, a seleção, a CBF, parecem assistir ao tempo passar. E não é como se tudo fosse mudar com a chegada do técnico mais vitorioso da história do futebol europeu de clubes.
Porque, sejamos sinceros, o legado máximo de Ancelotti é um título, sem raízes novas. A CBF trabalha em um oligopólio disfarçado de democracia, no qual a perpetuação de poder é a única razão de ser. As ondulações esportivas no máximo são capazes de estimular a autofagia institucional.
Em suma, Ancelotti não vem para curar o Brasil dos vícios de décadas. Não vem resgatar a cultura do país do futebol ou mostrar caminhos para que a nação volte a ter treinadores de elite. Ele surge tão somente como tábua de salvação de um presidente encruzilhado por antigos aliados que sentem cheiro de sangue.
O título talvez venha. Falamos da seleção brasileira de futebol, aquela, pentacampeã. Falamos de Carlo Ancelotti, dono de cinco Ligas dos Campeões, vencedor nos cinco principais campeonatos nacionais do mundo (Inglaterra com o Chelsea; Espanha com o Real Madrid; Itália com o Milan; Alemanha com o Bayern de Munique e França com o PSG). Ele é bom assim.
Carlo Ancelotti tem um último desafio na premiada carreira. A chance de se aposentar como o maior treinador da história. E, ganhando ou perdendo, será muito bem pago para isso. Terá ainda bastante estabilidade para trabalhar — algo que Fernando Diniz e Dorival Jr. nunca tiveram, pois assumiram a seleção com o cadafalso já montado.
Sou um eterno otimista. Chego a cada Copa do Mundo com a certeza do título. Ancelotti preenche ainda mais meu copo meio cheio.
Desta vez, porém, o prenúncio de bem-aventurança vem acompanhado de um sentimento mais apocalíptico. No íntimo, desconfio — tenho certeza — que a única solução para o futuro do futebol brasileiro seria uma eliminação acachapante que deixasse a Amarelinha fora do Mundial.
Porque a revolta é combustível da mudança. Quem sabe um desastre esportivo motivasse uma revolução na CBF?
Mas se nem uma goleada por 7 a 1, em uma Copa do Mundo em casa, foi capaz de mudar algo, é duvidoso que qualquer vexame tenha força suficiente para afetar o centro de gravidade que perpetua os poderes da CBF.
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