Ariadne Araújo é jornalista. Começou a carreira em rádio e televisão e foi repórter especial no O POVO. Vencedora de vários prêmios Esso, é autora do livro Bárbara de Alencar, da Fundação Demócrito Rocha, e coautora do Soldados da Borracha, os Heróis Esquecidos (Ed. Escrituras). Para além da forte conexão com o Ceará de nascença, ela traz na bagagem também a experiência de vida em dois países de adoção, a Bélgica, onde pós-graduou-se e morou 8 anos, e Portugal, onde atualmente estuda e reside.
Em Portugal, deputados da extrema-direita – (o nome do partido é "Chega") passam o tempo de plenário na Assembleia da República a imitarem porcos e vacas, em direção às mulheres deputadas
Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
Protesto da extrema-direita contra o governo brasileiro no Parlamento de Portugal
Já se viu bate-boca entre deputados. Pancadarias, que eu me lembre. Ver não significa aceitar ou estar de acordo. Que votados foram os deputados para cuidarem dos interesses dos eleitores em geral, não só de um partido. Mas, em Portugal, os parlamentares do partido de extrema-direita, nominado “Chega”, usam o Plenário para uma guerra aberta às mulheres.
Para os próximos quatro anos, se depender de André Ventura, presidente do Chega, as ofensas, injúrias e desrespeitos às mulheres vão continuar. No Parlamento, chamam a isso “divertir-se”. Aos sons de grunhidos de porcos e mungidos de vacas, humilham as mulheres deputadas, quando falam no plenário ou quando passam.
Comentários com base no peso, altura ou cor da pele. Tudo entra nessa “diversão” perversa no Parlamento. Alegam senso de humor. Direito à ironia. E dizem que as ofensas e injúrias são forma de pressão. Vão continuar. Quem sabe, de forma cada vez mais violentas. Isabel Moreira, deputada do Partido Socialista, diz que o ambiente é “infernal”.
Os “engraçados” do Chega, que avacalham o Parlamento, têm público cativo. Parte da sociedade que se vê espelhada neles, acha isso muito “engraçado”. Defendem, como direito de expressão. São uma parcela de eleitores ressentidos que mostram os dentes – rancor contra mulheres em cargos públicos, contra estrangeiros, contra homossexuais, contra pessoas negras.
Quatro anos de ofensas, pela frente. É o que teremos. Saiu no jornal, mas as faces viram-se para o outro lado. Há quem defenda publicamente que um deputado não pode ofender um outro deputado no âmbito do Parlamento. Mas se, assim desejar, pode ofender qualquer outra pessoa. É surreal? Eu acho, para não dizer imundo. Grunhidos e mungidos, ao que parece, também ganham eleição.
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