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VW up! cumpre a lei, mas coloca quinto passageiro na linha do perigo
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Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN

VW up! cumpre a lei, mas coloca quinto passageiro na linha do perigo

Para se enquadrar na legislação, VW colocou mais um cinto de três pontos no Gol, Voyage e Fox. No up!, uma "etiqueta"...
Tipo Opinião

A legislação brasileira passou a exigir cintos de três pontos para todos os passageiros nos carros fabricados a partir de 2020. O VW up! foi homologado na Europa para quatro ocupantes, mas para cinco no Brasil.

Apesar de o VW up! ser o melhor sub-compacto produzido no Brasil, não terá uma longa sobrevida no nosso mercado. A Volkswagen, espertamente, mudou a homologação do carro para quatro passageiros. E se esquivou de qualquer ilegalidade pespegando no centro do encosto do banco traseiro uma ridícula “etiqueta” avisando ser proibido se assentar ali. Ela sabe que a determinação jamais será cumprida, mas cabe ao motorista fazer cumprir a nova homologação que só permite levar quatro pessoas.

No “release” divulgado pela fábrica para comunicar o modelo 2021 do up!, que chega agora nas concessionárias (por R$ 59.990,00), veja o trecho em que ela explica a “maracutaia”:

“Agora, o modelo produzido na fábrica da Volkswagen em Taubaté, interior de São Paulo, passa a transportar até quatro ocupantes, todos com encosto de cabeça e cinto de segurança de três pontos, atendendo totalmente a legislação vigente.”

Para cumprir – a rigor - a “legislação vigente”, o correto seria a fábrica investir num cinto de três pontos no centro do banco traseiro, o que não compensaria financeiramente pois o carro terá vida reduzida. Mas ela o fez no Gol, Voyage e Fox.

No frigir dos ovos:

1. Para cumprir a legislação que objetiva aumentar a segurança exigindo cintos de três pontos para os cinco passageiros, a Volkswagen fez o contrário: reduziu a segurança eliminando o cinto de dois pontos que havia no centro do banco traseiro;

2. Ao substituir o cinto por uma etiqueta, ela ainda reduziu seu custo, mas deixa o passageiro do centro do banco sem a proteção do cinto que existia até os modelos produzidos em 2019;

3. É óbvio, e a fábrica sabe que os usuários do novo VW up!, homologado agora para quatro passageiros, não deixarão de levar o quinto em função da ridícula etiqueta;

4. A fábrica transferiu para o motorista a responsabilidade de cumprir a legislação. Mas ele, por sua vez, sabe que poderá transgredi-la pois nenhum policial vai parar o vw up! com cinco passageiros só para conferir o ano de fabricação. (até 2019 era permitido)

5. Se o up! 2021 foi homologado para quatro passageiros, a fábrica tinha a obrigação moral de desenvolver um novo banco traseiro que não permitisse o terceiro ocupante. O que custaria mais do que investir no cinto de três pontos. Então, a tortuosa solução foi a etiqueta.

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