Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN
Não tem jeito: meu carro insiste em consumir mais do que diz a etiqueta do Inmetro, do que está no manual e até de outros iguais ao meu.
Não comprei o carro zero km, mas com baixa quilometragem e de um amigo que sempre cuidou bem dele.
Oficinas não resolveram Já levei o carro a duas oficinas: paguei pela troca de velas e cabos, bobina, limpeza de bicos e corpo da borboleta, regulagem de válvulas, filtros, sensores, mas o consumo não abaixa. Pedi até para conferir se o freio não estaria travando alguma roda. Até a compressão dos cilindros verificada.
Meus cuidados também não...
Observei todas as recomendações da imprensa especializada, de diminuir o peso do pé direito, não esticar muito as marchas e manter a rotação ideal cambiando na hora certa. Não deixo de calibrar pneus toda semana, já mandei alinhar a direção e abasteço sempre num posto de confiança para evitar combustível adulterado. Não carrego peso inútil no porta-malas.
Mas e os vícios "ocultos"? Então, se nem as oficinas nem seus cuidados resolveram, existem várias possibilidades enquadradas como vícios ocultos...
1 – Válvula termostática. Tem mecânico que não sossega enquanto não a joga fora. Principalmente se o carro chega fervendo na oficina. E diz que esta válvula só faz sentido em países do Hemisfério Norte, mas que no Brasil não passa de besteira dos engenheiros. Se ela foi para o lixo, não tem mais o superaquecimento, mas o motor trabalha abaixo da temperatura ideal, o que provoca aumento de consumo. E se ela foi mesmo retirada do motor?
2 – Chip. É simples e barato trocar o chip da central eletrônica e alguns mecânicos oferecem vários atrativos: aumento de potência, ou do torque, conversão do carro a gasolina para flex e outras. Mas a "mágica" não sai de graça e quem paga são consumo e emissões. Conferiu se o do seu carro é o original?
3 – Catalisador. O dono anterior nem imaginava, mas alguma oficina desonesta pode ter cobrado pela substituição do catalisador e colocado um pedaço de cano no lugar. E ainda o vende por uma boa grana no mercado por conter metais nobres. E, para apagar a lambança, desliga no painel a luz que alerta para algum "problema" no catalisador.
4 – Mass Air Flow Sensor. Em inglês significa "Sensor do Fluxo de Massa de Ar". Fica junto ao filtro de ar e indica a massa de ar que flui para o motor. A central eletrônica, a partir desta informação, ajusta o volume de combustível para se manter constantemente a relação ideal (estequiométrica) entre ar e combustível. Se este sensor pifa, pode haver um excesso de combustível. E poucos se lembram dele.
5 – Pneu Verde. Apesar do nome, é preto mesmo. A cor é função de ele ser ecológico, por reduzir atrito do pneu com o asfalto e, consequentemente, o consumo de combustível. Mas, como custa mais, há quem o substitua pelo normal no momento da troca e, neste caso, o consumo jamais será o declarado oficialmente.
6 – Hodômetro. Se o carro teve suas rodas e pneus originais substituídas por maiores e o novo diâmetro total (roda + pneu) for superior, ocorrem diversas distorções. Uma delas no hodômetro. Porque, se o diâmetro é maior, a distância percorrida será também maior que a indicada no hodômetro. Ou seja, ele marcou 10 km mas o carro andou 11 km, por exemplo. Se as contas de consumo são feitas a partir da distância indicada no painel, elas não conferem. Como o carro rodou mais que o registrado pelo hodômetro, o consumo real é menor que o obtido pelas contas do dono do carro.
Ou quem sabe o problema é "insolúvel"? Dono e oficina pelejaram, mas o consumo não se reduziu nem mesmo atacando os tais "vícios ocultos"? Quem ele está elevado devido a fatores externos e insolúveis?
1 – Altitude. Sabia que, quanto mais alto o morro, maior o consumo, pois mais rarefeito o ar? Exceto carros com motor turbinado, todos os demais sofrem com a altitude cerca de 1% cada 100 metros. Isso significa que a diferença do consumo de um mesmo carro rodando no litoral ou numa montanha com altura de 1.000 metros chega a nada desprezíveis 10%. A que altitude você está?
2 – Topografia. Uma coisa é rodar numa cidade plana, como Brasília, por exemplo. Outra é enfrentar constantes subidas e ladeiras íngremes. E está enganado quem acha que o que se gasta de combustível a mais na subida é compensado pela redução na descida... Onde você mora?
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