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O presidente versus a realidade
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

O presidente versus a realidade

Tipo Opinião
Cemitério Bom Jardim, em Fortaleza: em maio, Capital chegou a registrar média diária de mais de 80 óbitos   (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Cemitério Bom Jardim, em Fortaleza: em maio, Capital chegou a registrar média diária de mais de 80 óbitos

O coronavírus é uma realidade. Alheio a qualquer debate ou pauta ideológica, o vírus impôs sua gravidade e já levou - com fortes indícios de subnotificação, diga-se de passagem - pelo menos 41,8 mil vidas brasileiras. Deste total, quase 5 mil cearenses. Pelas cidades, leitos de internação se esgotam tanto no setor público quanto no privado, e crescem relatos de um aumento vertiginoso no fluxo de ambulâncias. Nas redes sociais, uma imagem que mostra os efeitos devastadores da Covid-19 no pulmão humano viraliza e choca internautas do mundo todo. Nos círculos pessoais, relatos de amigos ou parentes que caíram vítimas da doença já são quase universais. Em quase nenhum lugar do mundo, tal realidade é questionada.

A cada dia que passa, fica mais difícil de entender, portanto, estratégia do presidente Jair Bolsonaro de seguir negando a gravidade da doença. Em transmissão ao vivo na última quinta-feira, 11, voltou a insistir na tese de fabricação dos números da doença, acusando inclusive o ex-ministro Henrique Mandetta (Saúde) de ter participado de uma conspiração para fraudar índice de mortalidade do vírus. A retórica, que passa como resposta do Governo Federal mas que, na prática, nada faz para ajudar no combate à crise, não impediu o Brasil de tomar ontem o posto do Reino Unido como o segundo país com maior número de mortos da doença.

O novo marco de avanço do vírus, mais um em uma lista maior a cada dia, ocorre no mesmo tempo em que o presidente chega ao ponto de recomendar que aliados invadam hospitais para conferir se leitos estariam de fato ocupados. Incentivando, assim, um comportamento que, se já não fosse por si só absurdo, ainda coloca os próprios seguidores do presidente em risco de infecção e morte. A "dica" não demorou a ser seguida: já nesta sexta-feira, um grupo invadiu um hospital no Rio de Janeiro, chutou portas e derrubou computadores.

Reforço a conjuntura porque é importante que a disparidade entre a tese do presidente e a realidade dos índices da doença seja destacada. Até para que fique claro que bravata é bravata, e não solução. Aos que continuam achando que vírus tem ideologia e minimizando o problema, uma recomendação: faça o que quiser, mas se proteja. Para o seu bem e o de sua família.

O deputado federal pelo PV do Ceará Célio Studart
Foto: Mauri Melo
O deputado federal pelo PV do Ceará Célio Studart

Promessa é dívida

O deputado federal Célio Studart (PV) cobra que o governo Jair Bolsonaro de fato crie a Secretaria da Proteção Animal, anunciada em julho do ano passado pelo presidente e que, até hoje, ainda não saiu do papel. A cobrança foi encaminhada ontem pelo deputado ao ministro Ricardo Salles, destacando que, desde o aprofundamento da crise da Covid-19 no Brasil, aumentaram os índices de abandono e maus-tratos a animais.

"Em publicação no Twitter em 29 de julho de 2019, o presidente Jair Bolsonaro prometeu a criação do órgão já para agosto daquele ano. "Conversei com o ministro da Defesa sobre o uso das dependências das Forças Armadas para o início desse atendimento. Todos os poucos cargos virão de outras secretarias, sem qualquer nova despesa à União", disse. Quase um ano depois, a promessa ainda não foi colocada em prática.

AL se move

O presidente da Assembleia, José Sarto, anunciou que está pronto sistema eletrônico que permitirá à Casa realizar votações secretas no plenário. Com isso, pautas onde a orientação do Regimento é pelo voto secreto, como no caso de vetos do governador Camilo Santana (PT), já podem ser avaliadas pelos deputados. O mesmo sistema também permite que o Legislativo vote, enfim, representação contra o deputado André Fernandes referendada pelo Conselho de Ética da Casa. Aprovado no grupo no ano passado, o relatório prevê suspensão de 30 dias do mandato do parlamentar e ainda passará pela análise do plenário.

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