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Evangélicos sobem o tom contra Camilo
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Evangélicos sobem o tom contra Camilo

Tipo Opinião

O deputado federal Dr. Jaziel (PL) e a deputada estadual Dra. Silvana (PL) subiram o tom das críticas contra medidas de isolamento social decretadas pelo governador Camilo Santana (PT) no Estado. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, os parlamentares, que também são pastores evangélicos, fizeram duras críticas contra as regras previstas no plano de flexibilização da quarentena para templos religiosos no Estado. Na "live", Jaziel diz ainda que o governador abre "precedente perigoso" para o fechamento de igrejas.

"É um período muito ruim para a Igreja, ela é tratada como último caso, não fomos em momento algum priorizados. Foi feita uma maneira de nos colocar sempre na última posição, na última das prioridades. Mas nós temos direito ao culto sim, e o precedente que se cria é uma coisa sempre muito ruim. A gente não pode estar trabalhando com essa possibilidade de se estar fechando as igrejas, mesmo dentro dessa situação (de pandemia)", diz Jaziel.

Desde 22 de junho, a abertura de templos religiosos é autorizada no Estado. Os estabelecimentos, no entanto, devem funcionar com apenas até 20% da capacidade, com base em um cálculo de proporção entre espaço disponível e distância entre fiéis. "É uma regra totalmente mirabolante e confusa, a gente precisou de um matemático e de um estatístico para entender. Parece questão de vestibular, tem que saber valor de pi, fazer cálculo de raiz (...) enquanto a igreja pode 20%, os restaurantes podem 40%", diz Silvana.

Dra Silvana, deputada estadual (PL): crítica a Camilo contra o plano de flexibilização
Foto: MATEUS DANTAS / O POVO.DOC
Dra Silvana, deputada estadual (PL): crítica a Camilo contra o plano de flexibilização

Guinada à direita

A escalada no tom de críticas dos deputados contra Camilo marca nova etapa na relação entre ambos e o governo do Estado, em momento em que os parlamentares tentam se firmar como referências à direita no espectro político local. Na última sexta-feira, Jaziel e Silvana estiveram em Penaforte, no Cariri, para acompanhar visita do presidente Jair Bolsonaro às obras de transposição do rio São Francisco. Na ocasião, ambos destacaram apoio ao presidente e a necessidade de "endireitar" o Ceará.

O curioso é que, ao olhar o histórico de ambos, nem sempre foi assim. Até 2014 com expressividade menor no Estado, Jaziel e Silvana acabaram ganhando espaço na política cearense por conta da proximidade com o então senador Eunício Oliveira (MDB). Em determinada época, Jaziel chegou inclusive a ocupar cargo comissionado no Senado por indicação do emedebista. Quando Eunício rompeu com os Ferreira Gomes para concorrer ao governo em 2014, o casal seguiu junto para a oposição.

A postura de críticas contra o governo, no entanto, não durou muito. Em 2017, os dois tiveram desentendimento duro com Eunício, após Silvana defender que o MDB passasse para a base do governo na Assembleia. Na época, emedebistas chegaram até a acusar a deputada de "dar golpe" para beneficiar o governo em comissões da Casa. Em outubro daquele ano, Jaziel (que ainda não tinha mandato) foi inclusive nomeado para conselho das Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa) por indicação de Camilo, com alto salário. Na época, a própria Silvana admitiu ter influenciado na nomeação. "Política é influência, sim, e positiva. Eu estou no mandato agora, tenho maior poder de ajudar".

Luizianne, uma das candidaturas fora da polarização previsível em Fortaleza
Foto: Marília Camelo/Especial para O POVO
Luizianne, uma das candidaturas fora da polarização previsível em Fortaleza

Luizianne no páreo

Liderança das mais influentes do PT no Ceará, o deputado federal José Guimarães afirma: Não há qualquer outro cenário em discussão entre petistas que não a consolidação da candidatura de Luizianne Lins (PT) em Fortaleza. O parlamentar, que diz estar afastado de discussões partidárias no Estado por conta do trabalho no Congresso, afirma que deverá voltar atenção para as eleições a partir das próximas semanas. Ele destaca, no entanto, que não houve qualquer conversa entre petistas e aliados desde que o governador Camilo Santana (PT) exonerou parte de sua equipe diante dos prazos de desincompatibilização da Justiça Eleitoral.

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