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Roseno quer chance de provar que não é "nanico"
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Roseno quer chance de provar que não é "nanico"

Tipo Opinião
FORTALEZA, CE, BRASIL, 03.10.2020: Renato Roseno (PSOL) visita comite da cadidatura coletiva NOSSA CARA, no bairro Rodolfo Teofilo. em época de COVID-19.  (Foto: Aurelio Alves/ O POVO). (Foto: Aurelio Alves/ O POVO)
Foto: Aurelio Alves/ O POVO FORTALEZA, CE, BRASIL, 03.10.2020: Renato Roseno (PSOL) visita comite da cadidatura coletiva NOSSA CARA, no bairro Rodolfo Teofilo. em época de COVID-19. (Foto: Aurelio Alves/ O POVO).

Candidato do Psol à Prefeitura de Fortaleza, o deputado Renato Roseno lembra da primeira vez que disputou cargo majoritário, ainda em 2006. "A gente conseguiu só um quarto emprestado no fundo de uma casa, que servia como estúdio: compramos uma ruma de caixas de ovo até para fazer isolamento acústico. A gente não tinha dinheiro para comprar iluminação, mas a casa tinha uma mesa de sinuca velha com seis tacos. Ora, fizemos dois tripés com os tacos e pegamos lâmpadas de jardim como luminárias". Hoje, 14 anos e duas campanhas vitoriosas para a Assembleia depois, o psolista planeja investir até R$ 400 mil na disputa deste ano. "Temos uma estrutura muito mais profissionalizada", disse à coluna.

O que incomoda Roseno é, sobretudo, a pecha de "nanico" na disputa. Para ele, tudo parte de uma batalha de narrativas imposta pelas maiores coligações em jogo, lideradas por José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (Pros). "Ora, eu fui o 2º deputado mais votado em Fortaleza em 2018, 3º em 2014, e segundo em 2010. Será que isso não é uma construção minha, uma construção coletiva comum de todos nós, do Psol? Será que isso não vale nesse momento? Se dois anos atrás essa cidade me deu sua segunda maior votação para deputado estadual, será que ela não pode me dar agora uma votação viável? Então é necessário não permitir que essa narrativa crie realidades de apequenamento. Tenho denunciado isso", diz.

O deputado também cita sua produção como presidente da comissão de Direitos Humanos da Assembleia, relator do Comitê pela Prevenção de Homicídios na Adolescência e deputado estadual para rejeitar a pecha. "Os caras dizem 'ah, o Renato é sozinho'. Poxa, eu aprovei 23 leis em seis anos. A lei de combate à pulverização aérea de agrotóxicos, o nome social para pessoas trans, o programa de prevenção à violência nas escolas, o 'bolsa catador' de reciclagem dentro da lei de resíduos sólidos, isenção de ICMS para orgânicos na cesta básica", desabafa, durante inauguração de um comitê no último fim de semana. Um militante do Psol próximo complementa: "Vai ver muitos desses outros deputados que disputam".

Em 2018, Roseno foi de fato o segundo deputado mais votado no Ceará, com 54,1 mil votos. Ele ficou atrás na Capital apenas de André Fernandes (na época no PSL), que teve cerca de 800 votos a mais, 54,9 mil. Em 2012, o candidato do Psol ficou em 5º lugar na disputa, com 148,1 mil votos (11,84%), quase encostando no tradicional competidor Moroni Torgan (DEM). Roseno destaca, no entanto, que campanhas ainda são desiguais. Tem candidatura com 4 minutos e a gente vai ter 18 segundos. Por isso nos posicionar nas redes sociais fica muito importante. Aí chega nas redes, os impulsionamentos são caríssimos. Nós separamos R$ 15 mil, tem candidato a prefeito do Interior que vai despejar R$ 200 mil", diz.

O deputado Célio Studart (PV) é candidato à Prefeitura de Fortaleza
Foto: MAURI MELO/O POVO
O deputado Célio Studart (PV) é candidato à Prefeitura de Fortaleza

Quem paga as campanhas

As prestações de contas de campanha começaram a ser disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) neste final de semana. Ainda é cedo para fazer uma análise mais profunda dos repasses, mas alguns detalhes já chamam a atenção. Até agora, a campanha que mais arrecadou foi a do deputado Célio Studart (PV), a maior parte dos recursos proveniente de um repasse de R$ 627,1 mil das direções do PV no Ceará.

Wagner e Girão

Parlamentares que tentam liderar a construção de uma nova hegemonia política no Ceará pela oposição, o deputado Capitão Wagner (Pros) e o senador Eduardo Girão (Podemos) estão mais alinhados que nunca nas disputas deste ano pelo Estado. Em Fortaleza, o senador já realizou doação pessoal de R$ 500 mil para a campanha do deputado federal do Pros a prefeito de Fortaleza. O repasse, primeira grande receita da campanha de Wagner até agora, ocorreu antes mesmo da chegada da verba do Fundo do Eleitoral, que deve compor parte considerável do orçamento do candidato.

Capitão Wagner (Pros) é candidato à Prefeitura de Fortaleza (BARBARA MOIRA/ O POVO)
Foto: Barbara Moira
Capitão Wagner (Pros) é candidato à Prefeitura de Fortaleza (BARBARA MOIRA/ O POVO)

 

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