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"Vacinação compulsória" e outras fantasias
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

"Vacinação compulsória" e outras fantasias

Tipo Análise
Vacinação contra Covid-19 em Caucaia, Ceará (Foto: FCO FONTENELE/O POVO)
Foto: FCO FONTENELE/O POVO Vacinação contra Covid-19 em Caucaia, Ceará

A procura por vacinas contra a Covid-19 ainda permanecerá, provavelmente por um bom tempo, muito maior que a oferta por elas em Fortaleza. A verdade é que, mesmo que ocorram esforços hercúleos e conjuntos dos governos municipal, estadual e federal, o Ceará ainda levará muitos meses, talvez até anos, para conseguir vacinar pelo menos os integrantes dos principais grupos prioritários, como idosos, profissionais da saúde e indígenas. A dificuldade na aquisição de insumos da China para a produção de vacinas não deixa, infelizmente, dúvidas: Muita gente que quer (e precisa) se vacinar vai ter que encarar uma árdua espera pela frente. Por isso causam tanta indignação imagens que vem circulando de prefeitos e seus familiares "furando a fila" em pontos de vacinação pelo País.

A realidade de vacinas muito mais cobiçadas do que disponíveis parece visível, mas não é o que avaliam parte dos vereadores de oposição na Câmara Municipal de Fortaleza. Mesmo com a atual legislatura só começando em fevereiro, alguns parlamentares já defendem uma legislação que proíba a instituição de uma vacinação compulsória na Capital. Pelo menos dois, Inspetor Alberto (Pros) e Priscila Costa (PSC), já apresentaram projetos de lei no Legislativo nesse sentido. Segundo as matérias, os fortalezenses só poderiam ser vacinados contra a Covid-19 com consentimento e por livre vontade.

Propostas do tipo supõem a existência de um movimento no sentido contrário, como se a Prefeitura ou o Governo do Estado quisessem forçar as pessoas a serem imunizadas. A realidade, infelizmente, é a oposta: Não teremos vacinas para todos que procuram. Os vereadores podem ficar tranquilos.

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O tamanho do déficit

Chegaram no último sábado no Ceará 72,5 mil doses da vacina da Oxford/AstraZeneca. Com isso, serão vacinadas 36 mil pessoas, já que cada uma tem que tomar duas doses para ser imunizada. Na semana passada, chegaram ao Estado 218 mil doses da Coronavac, produzida em parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa Sinovac. Neste lote, serão vacinadas 109 mil pessoas. Ou seja, teremos cerca de 145 mil imunizados com as duas vacinas somadas.

A estimativa do governo cearense de população apenas para a 1ª fase de grupos prioritários é de cerca de 650 mil pessoas. Ao todo, são quatro fases só de grupos prioritários. Só aí já é possível ver o tamanho do desafio que o Estado possui pela frente para evitar mais mortes. Em uma situação dessas, é até estranho supor que o governo estaria à vontade para obrigar vacinação de quem não tem interesse.

Alunos e professores

Ainda falando em plano de vacinação de Fortaleza, outro projeto curioso é um que propõe a inclusão de profissionais e alunos da rede pública municipal de educação na 1ª fase do grupo prioritário de vacinação em Fortaleza. A curiosidade não vem nem pela proposta em si, que é pertinente e discutida em diversos países, mas pela autoria da matéria. O projeto é assinado por Lúcio Bruno (PDT), vereador com influência na base de José Sarto (PDT) e que já foi braço direito da articulação política da Prefeitura durante a gestão Roberto Cláudio (PDT). Possui alta probabilidade, portanto, de ir para frente na Casa.

Puxão de orelha

Falando em alta demanda por vacinas, chamou atenção "puxão de orelha" que o prefeito de Aquiraz, Bruno Gonçalves (PL), recebeu após publicar foto como um dos primeiros vacinados contra a Covid-19 no Município. "Prefeito também tem prioridade na vacina?", questionou um seguidor de Gonçalves no Instagram. O gestor justifica: "Sou médico, ginecologista e obstetra. Faço partos quase todos os dias da semana no Hospital Municipal de Aquiraz. Por isso recebi a vacina, e fiz isso também para incentivar as pessoas a se vacinarem".


 
 
 
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