O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
A Câmara aprovou um projeto de indicação com essa ideia. O projeto em si é apenas uma sugestão a José Sarto, mas chama a atenção os seus autores: o próprio presidente da Câmara e o líder do prefeito.
A Câmara Municipal aprovou semana passada uma proposta que cria a "Coordenadoria Municipal de Assuntos Religiosos" na estrutura administrativa da Prefeitura de Fortaleza. Como se trata de um Projeto de Indicação, a matéria tem mais teor de "sugestão" dos vereadores e depende de um projeto de lei específico, assinado pelo prefeito José Sarto (PDT) e enviado à Casa, para ter valor de lei.
O curioso, no entanto, são os autores das matérias: Antônio Henrique (PDT), presidente da Câmara Municipal, e Gardel Rolim (PDT), o próprio líder do governo José Sarto na Casa, ambos ligados a segmentos evangélicos. O "peso" dos envolvidos, portanto, sugere que a proposta deve sair do papel. Entre interlocutores da Prefeitura, a avaliação é de ainda é cedo para afirmar se a questão será emplacada no atual momento. Desde 2019, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) já avaliava a criação de órgão neste sentido, em diálogo com parlamentares religiosos no Estado.
Atualmente, a Prefeitura mantém várias personalidades religiosas com cargos na gestão, a maioria loteados na Coordenadoria de Políticas sobre Drogas ou na de Articulação do Terceiro Setor e Instituições Religiosas. Estão no governo hoje, por exemplo, o pastor Costa Neto, da Igreja Videira, e Erasmo Lenz César, membro da Igreja Presbiteriana da Aldeota.
Lula, Ciro e a Caixa
Na última quinta-feira, 1º, o ex-presidente Lula (PT) concedeu entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo no programa O É da Coisa, da Band News de São Paulo. O curioso evento – trata-se, afinal, de uma das vozes mais críticas aos governos petistas, que inclusive cunhou o termo pejorativo "petralha" – contou com vários momentos interessantes, mas um deles parece ter passado despercebido por parte da audiência e até da militância nas redes sociais.
Ao ser questionado sobre possíveis privatizações em um novo governo do PT, Lula minimizou o tema em si, mas disse que algumas empresas públicas, como a Caixa Econômica Federal, poderiam virar empresas de economia mista. O entendimento do ex-presidente vai radicalmente contra o que tem pregado Ciro Gomes (PDT), frequentemente chamado de "direitista" por eleitores de Lula. Em entrevistas recentes sobre o tema, o pedetista tem sido taxativo sobre a função social da Caixa, dizendo que não aceitaria um projeto que reduzisse a participação do Estado no órgão. Indo além, Ciro ainda tem denunciado a existência de uma espécie de complô oculto entre o mercado financeiro com interesse na privatização da instituição.
"Preservar a Caixa como instituição pública, mais do que estatal, é absolutamente essencial para um País que permitiu o crime de um sistema financeiro privado ultraconcentrador que está esfolando quem trabalha e produz", diz o pedetista, que associa a ideia de diluir a participação do Estado na empresa – agora admitido até por Lula – ao ideário neoliberal e de direita. É um debate que vai longe.
Eunício e Ciro
Respondendo críticas do senador Cid Gomes (PDT) ao PT, o ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), fez uma série de duros ataques contra o presidenciável Ciro Gomes (PDT). As críticas ocorreram após Cid falar que o Brasil não merecia escolher entre as "maluquices de Bolsonaro" e a volta do PT. Ex-aliado dos Ferreira Gomes no Ceará por vários anos, o emeedebista rompeu com o grupo político dos irmãos em 2014, quando tentou voo solo na disputa pelo governo do Ceará.
"O Brasil não pode é ser entregue às loucuras do Ciro, uma figura desonesta, racista, fascista, inconsistente, defensor da violência emocional contra mulheres, mentiroso, hipócrita - diz uma coisa e faz outra - e oportunista. Nosso País não merece ser governado por esse lixo, entulho da ditadura", disse. O ataque foi referendado pelo senador Paulo Rocha (PT), mas foi motivo de várias críticas nas redes, que apontaram relação antiga de Eunício e petistas, além de escândalos de corrupção envolvendo o MDB. Menos de dois dias depois da publicação, o ex-senador apagou a mensagem das redes.
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