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"Traições" em votação de tarifa incomodam base de Sarto
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

"Traições" em votação de tarifa incomodam base de Sarto

À oposição de esquerda e de direita se aliaram parlamentares da base do prefeito na votação da tarifa do lixo
Tipo Opinião
 Prefeito José Sarto (Foto: RODRIGO CARVALHO/ PREFEITURA DE FORTALEZA)
Foto: RODRIGO CARVALHO/ PREFEITURA DE FORTALEZA Prefeito José Sarto

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A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou na última quinta-feira, 19, projeto do prefeito José Sarto (PDT) que autoriza a cobrança de uma tarifa pelo serviço de coleta de lixo da Capital. Bastidores da votação ficaram marcados como alguns dos momentos mais tensos da atual legislatura, com dissidências até mesmo dentro da base do prefeito. Durante a votação, houve união contra a proposta entre a oposição de esquerda - do PT e do Psol - a oposição de direita - do grupo do deputado Capitão Wagner (Pros), bolsonaristas e até vereadores aliados.

O próprio placar da votação, que terminou com 26 votos favoráveis à cobrança e 14 contrários, já revela o tamanho da divergência. Nem mesmo o projeto de reforma da Previdência de Sarto, que mexeu com regras da aposentadoria de muita gente, enfrentou tanta resistência - a proposta foi aprovada com 30 votos favoráveis e apenas 11 contrários.

Nos bastidores, diversos articuladores do prefeito demonstraram incômodo com a resistência de vereadores aliados à cobrança da tarifa de lixo. A insatisfação ocorreu principalmente pelos votos dos vereadores Jorge Pinheiro (PSDB) e Ronaldo Martins (Republicanos), que são vistos como aliados pela gestão, mas votaram contra o projeto. Nas últimas semanas, o Republicanos de Martins tem inclusive se aproximado mais do grupo político de Cid e Ciro Gomes no PDT do Ceará.

O assunto das "traições" chegou a ser levado ao plenário pelo vereador Adail Júnior (PDT), que reclamou abertamente de vereadores que integram a gestão e que estavam votando contra o projeto de Sarto. "É muito bom ser base desse jeito", chegou a reclamar.

Também fica a casa dia mais evidente a resistência de um racha interno dentro do próprio partido do prefeito, o PDT. Dois vereadores da sigla, Enfermeira Ana Paula e Júlio Brizzi, não participaram da votação.

Maldades

O governador Camilo Santana (PT) criticou nesta sexta-feira, 17, manifestações que adiaram a votação do passaporte sanitário proposto pelo prefeito José Sarto (PDT) em Fortaleza. A proposta, que obriga a apresentação de comprovante de vacinação para acesso a prédios públicos da Capital, foi retirada de pauta após protestos da oposição.

"Eu defendo que haja oposição em qualquer lugar do mundo. Oposição é importante para fiscalizar, questionar, mas tem que fazer oposição com responsabilidade, para construir. Até porque quem tem mandato tem responsabilidade com o Estado, com as pessoas. Ele não foi eleito lá para ficar falando mal das pessoas, ou ficar fazendo maldades", disse.

Camilo Santana é governador do Ceará(Foto: Reprodução Twitter)
Foto: Reprodução Twitter Camilo Santana é governador do Ceará

Ninguém veta ninguém

O governador Camilo Santana (PT) rejeitou nesta sexta-feira, 18, "vetos" que algumas lideranças de partidos aliados estariam tentando impor para a candidatura da base aliada do Ceará em 2022. Destacando que ainda irá iniciar uma discussão sobre a disputa eleitoral, Camilo afirmou que projetos da base não devem ser "pessoais" ou "individuais"

"O que tenho sempre colocado é a importância da manutenção da aliança no Ceará, que não é de hoje, e que os projetos não podem ser pessoais ou individuais. Ou seja, ninguém pode vetar ninguém. A gente tem que construir nomes que possam aglutinar mais, agregar e representar esse projeto", disse Camilo, em entrevista à Rádio O POVO/CBN.

Em outubro, a deputada federal Luizianne Lins (PT) afirmou que não descarta apoiar um candidato do PDT na eleição de 2022, mas disse ter "veto" expresso a uma possível indicação do ex-prefeito Roberto Cláudio na cabeça da chapa para o Governo. "Nós já temos vetos concretos, conversados e ditos. Roberto Cláudio hoje não passa nem entre os deputados, nem entre vereadores, nem entre militância, eles não querem ele", disse.

No final de novembro, o mesmo "veto" a RC foi manifestado pelo líder maior do MDB no Ceará, o ex-senador Eunício Oliveira. "Com o Roberto Cláudio eu não tenho a menor condição de fazer aliança política. Quando você faz, o próprio nome diz, é uma aliança. Então você tem que confiar em alguém. E eu, com todo o respeito, não confio em uma aliança para ungir o senhor Roberto Cláudio a qualquer cargo público".

 

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