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O ministro que atrapalha
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Carlos Viana é jornalista da área de Opinião do O POVO. Atua também na rádio O POVO/CBN com uma coluna semanal na área de inclusão

O ministro que atrapalha

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse, em entrevista a programa de TV, que crianças com deficiência "atrapalham" as demais na sala de aula.

Insatisfeito, posteriormente voltou a falar sobre o tema, dessa vez defendendo que a convivência com algumas crianças é "impossível."

As declarações, óbvio, causaram grande repercussão negativa, sobretudo entre pessoas com deficiência, amigos e familiares.

E não era para menos.

É chocante vermos esse tipo de declaração em pleno 2021, quando existe mais acesso à informação e recursos para auxiliar no aprendizado de crianças pcds.

É chocante vermos esse posicionamento vindo de um professor que, em tese, deveria educar os alunos, não apenas com os conteúdos escolares, mas também para a sociedade.

Aliás, a convivência escolar tem esse papel: as crianças aprenderem a conviver com a diversidade. Na escola as crianças aprendem que aquele coleguinha é negro, que aquela amiguinha não anda, que aquele outro não enxerga, que um quarto é menos favorecido economicamente.

E criança, ao contrário do ministro, não tem preconceito. Elas aprendem, aceitam e, ao conviver com a diversidade, tornam-se pessoas mais humanas e inclusivas.

A declaração de Ribeiro choca também porque ele se diz um "homem de Deus," embora muitas atrocidades, ao longo da história, tenham sido realizadas por "homens de bem", que vivem com a Bíblia embaixo do
braço.

Falando na Bíblia, parece que nosso ministro pulou alguns trechos, sobre tudo o escrito no livro de Mateus, Capítulo 20, dos versículos 29 a 34.

Por isso, encerro o texto com esse trechinho, para que o ministro possa entender que, ao ser chamado, Jesus atendeu o pedido dos cegos, e não disse que eles estavam atrapalhando.

"29 - Quando Jesus e os discípulos estavam saindo de Jericó, uma grande multidão seguia Jesus.

30 - Dois cegos, sentados na beira do caminho, ouviram alguém dizer que ele estava passando e começaram a gritar: 'Senhor, Filho de Davi, tenha pena de nós!'

31-  A multidão os repreendeu e mandou que calassem a boca, mas eles gritaram ainda mais: 'Senhor, Filho de Davi, tenha pena de nós'

32 - Então Jesus parou, chamou os cegos e perguntou: 'O que é que vocês querem que eu faça?'

33 - 'Senhor, queremos poder enxergar!' responderam eles.

34 - Jesus teve pena dos cegos e tocou nos olhos deles. No mesmo instante eles puderam ver e então seguiram Jesus."

 

 

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