Logo O POVO+
Pisar suavemente na Terra
Foto de Cláudia Leitão
clique para exibir bio do colunista

É mestra em Sociologia Jurídica pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Sociologia pela Sorbonne, Université René Descartes (Paris V). Criou e coordenou a Especialização em Gestão Cultural e o Mestrado Profissional em Gestão de Negócios Turísticos da UECE, onde é professora. Foi secretária municipal de Cultura e Turismo do município de Aracati (CE), superintendente do SENAC no Ceará (2001-2002) e secretária da Cultura do Estado (2003-2006). Foi responsável pela criação da Secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura. Atualmente, dirige o Observatório de Fortaleza do Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR)

Cláudia Leitão arte e cultura

Pisar suavemente na Terra

Cláudia Leitão, professora da Uece e sócia da Tempo de Hermes Projetos Criativos 
 (Foto: IANA SOARES)
Foto: IANA SOARES Cláudia Leitão, professora da Uece e sócia da Tempo de Hermes Projetos Criativos

Na última semana de julho, Belém protagonizou a décima edição do Fórum Pan-Amazônico (FOSPA). Durante quatro dias delegações de nove países estiveram reunidos na Universidade Federal do Pará para refletir, protestar, alertar e debater sobre os destinos da Amazônia e seus impactos desastrosos sobre os humanos e não humanos no planeta. As lutas dos povos amazônicos é histórica e admirável. Séculos de espoliação e de genocídios não calaram suas vozes nem enfraqueceram sua capacidade de resistir e lutar. A América Latina é, historicamente, vítima do sistema capitalista neoliberal global. Sua lógica obsessiva pelo lucro e pela acumulação justificaram os usos insustentáveis do meio-ambiente e as ameaças constantes aos povos indígenas e às comunidades rurais/urbanas no continente. Em nome de um modelo de desenvolvimento concentrador e hostil à natureza, as riquezas naturais e culturais foram subjugadas. Mas, no sentido oposto às forças econômicas hegemônicas, as comunidades vêm se articulando e se conectando de forma crescente em redes, e o fazem de forma cada vez mais estruturada, a partir de novos recursos e infraestruturas. Afinal, quanto mais complexos são os problemas planetários (desigualdade, fome, crise climática, destruição da biodiversidade), mais imprescindíveis e mais vigorosos se tornam os movimentos sociais, especialmente, no Hemisfério Sul. Impossível ignorar a importância estratégica das comunidades amazônicas em torno do bem comum e do bem viver. Suas mobilizações, ações e tecnologias são respostas animadoras à pulsão de morte, característica dos empreendimentos econômicos nacionais e transnacionais. Participar do FOSPA foi uma experiência emocionante, sobretudo, assistir à exibição do documentário 'Pisar suavemente na Terra', de Marcos Colón, que nos transporta a diferentes territórios indígenas ameaçados pelo agronegócio, as hidrelétricas, o petróleo e a mineração. O título é um alerta do protagonista do filme, Ailton Krenak, sobre os descaminhos humanos e seus trágicos impactos sobre a vida. Como nunca, os tempos são e serão de envolvimento, suavidade e cuidados. Que assim seja. n

 

Foto do Cláudia Leitão

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?