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A liberdade que nos prende
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Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO

Daniel Maia opinião

A liberdade que nos prende

Tipo Opinião

Qual é o seu presídio emocional?
Sim, pois a maioria de nós fala em liberdade, enquanto, na verdade, vive em um presídio de segurança máxima chamada medo de liberdade.
Explico: vocês já viram empregados reclamarem da carga horário do trabalho ou do valor do salário que recebem? Certamente sim. Então, por qual motivo tais pessoas não pedem demissão e vão empreender em seus próprios negócios, nos quais poderão ter a flexibilidade de horário que desejarem e a remuneração que o mercado lhes achar adequada pelo valor do serviço ou produto que oferecem? Simples: não fazem isso pois tem medo do desemprego. Esse é o presídio emocional dessas pessoas.
Por pior que seja o emprego que elas estiverem, no inconsciente delas aquilo é uma ilha de segurança, quando, na realidade, é uma ilha como Alcatraz, que sedia uma prisão sem grades, mas que encarcera o sujeito perpetuamente.
Outros exemplos não faltam de pessoas que clamam por liberdade e quando tem a possibilidade de sentir o seu refrescante aroma, se sufocam com o medo do que ela reserva, como é o caso de milhares de pessoas que mantem relacionamentos afetivamente falidos, alguns até abusivos, apenas pelo medo do que a ausência do parceiro trará.
Guerras foram travadas pelo direito de ter a liberdade de escolher os representantes do povo, por meio do voto nas eleições, mas, agora, milhões de pessoas nem sequer comparecem às urnas em países em que o voto não é obrigatório e nos países em que o voto é também um dever de todos os cidadãos, como no Brasil, muitos preferem não votar e depois pagar uma multa irrisória ou mesmo justificar com alguma pequena viagem a ter que assumir o ônus da responsabilidade de ter a liberdade de escolher o destino do seu lugar ou país.
Assim, ao observarmos por quais liberdades as pessoas mais clamam e, após conquistá-la, como a usam, sou forçado a concordar com Sigmund Freud que dizia: “A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade”.

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