O verbo conectar atualmente está intimamente relacionado à internet e às suas redes sociais. Diversas vezes por dia todos nós verificamos se nossos smartphones, computadores e equipamentos estão conectados à rede mundial de computadores, ao wi-fi de qualquer lugar que chegamos e quando chegam à nossa casa a pergunta sempre vem à tona: qual é a senha do wi-fi?
Operadoras de telefonia nos oferecem planos que prometem conexão de internet veloz e pacotes de dados infinitos. A indústria de eletrodoméstico logo se adaptou a essa tendência e começou a fabricar todo tipo de aparelho já com receptores de internet e, assim, as casas estão mais conectadas. O mesmo aconteceu com a indústria automobilística, com a rede de ensino, e com as mais diversas atividades laborais, as quais com a pandemia tiveram uma demasiada aceleração na transição do trabalho fora de casa para o home office.
A vida passou a estar mais conectada em todos os campos e áreas de atividades humanas. Entretanto, surge uma pergunta: a quê estamos realmente conectados? Ou melhor, estamos conectados ao quê de fato nos importa?
Será que quando estamos juntos de nossa família, em um almoço ou mesmo durante aquele cafezinho da tarde, não deveríamos deixar de lado as notificações do Instagram e nos preocuparmos em registrar mais os sorrisos de nossos entes queridos do que o novo look que a blogueira da moda acabou de postar? Afinal de contas, para registrar tais novidades da moda não faltam blogueiras, não é mesmo?
Será que quando temos a oportunidade de estar entre amigos não seria mais divertido conversar entre nós mesmos do que com pessoas que mal conhecemos e que estão há milhares de quilômetros de nós? É... as redes sociais tem disso, aproximam quem está longe e afastam quem está perto.
Será que ao invés de stalkear aquela mulher que somente ficará com o ego inflamado por tal sequência de curtidas, as quais ela nunca corresponderá, não seria mais inteligente levantarmos e irmos nos apresentar para a garota da mesa ao lado, que ao reconhecer nossa coragem pode nos corresponder e se tornar a mulher da nossa vida?
Será que ao invés de “cancelarmos” famosos que nem conhecemos, por atos que não nos importam em nada, não seria mais importante refletirmos sobre como nós mesmo estamos nos comportando?
Sei que esse texto não é muito simpático, pois reflete o que muitos fazem, mas certamente a maioria que se irritaria com o que eu digo não estará lendo esse artigo agora, mas sim pesquisando alguma frase do Caio Fernando de Abreu para a legenda da sua próxima foto com aquele look.
Enfim, em um texto com tantas perguntas, quem o ler certamente lembrará dele na próxima vez que perguntar “Qual é a senha do wi-fi?”.