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Covid da bala
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Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO

Daniel Maia opinião

Covid da bala

Tipo Opinião

Enquanto o mundo discute medidas para a reabertura dos países, comércios e atividades que foram interrompidas pelo distanciamento social imposto pela quarentena, o Ceará vive outro tipo de distanciamento social forçado, imposto pela criminalidade.
É absolutamente impressionante como os governantes do nosso lindo Estado fazem ouvidos de mercador para as notícias diárias das proibições impostas pelas facções criminosas e pelo crime organizado.
Desde muros nas entradas de determinados bairros da capital em que pichações estabelecem em um português sofrido ordens do tipo “Baixe os vidros”, “Aqui a polícia não entra!” ou “Tire o capacete senão leva bala”, sempre seguidas da assinatura da facção que comanda a área, e ninguém faz absolutamente nada. Aqui leia-se ninguém: Os políticos que nos governam.
O Estado é o maior e mais forte ente que existe em uma sociedade, o qual jamais pode ser vencido, pois congrega parte da força de cada um de nós, que abrimos mão de parcela de nossas liberdades individuais em prol dos cuidados do Estado. Entretanto, aqui no Ceará o Estado tem sido açoitado vergonhosamente pela criminalidade organizada, a qual, diferente do Governo, se preocupa bem mais em cumprir suas ameaças bárbaras do que em fazer propaganda para inglês ver.
No interior não é diferente, sendo até pior em alguns municípios e localidades, pois nem sempre se tem uma delegacia de Polícia Civil para investigar os crimes. Assim, o terreno para a instalação e proliferação de grupos criminosos é fértil.
Penso, sinceramente, que o Estado do Ceará deveria rever suas prioridades, olhar menos para as eleições municipais e mais para o seu povo, o qual está atualmente refém em suas próprias casas - isso quando a facção deixa a pessoa continuar em sua própria casa, pois há vários relatos de até policiais militares já terem sido expulsos das suas residências em bairros dominados pelo CV (Comando Vermelho), GDE (Guardiões do Estado) e PCC (Primeiro Comando da Capital), os três principais grupos criminosos que atuam no Ceará.
Poderíamos gastar mais diversas linhas com exemplos do que tais facções têm feito para desmoralizar o Estado, tais com pichar sede de fóruns de Justiça, matar até entregadores de comida por aplicativo que ousam ingressar em “seus” bairros sem autorização prévia, ameaçar professores de escolas públicas que tentam heroicamente evitar que seus alunos sejam recrutados para o narcotráfico etc. Entretanto, aqui damos uma basta nesse texto, assim como gostaríamos que os nossos governantes dessem nessa violência desenfreada que chicoteia o Ceará.
Paz.

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