O termo Janela de Overton, também conhecido como janela do discurso, define a série de ideias que facilmente são aceitas ou toleradas em um discurso para o público em geral. O conceito foi criado pelo professor norte-americano Joseph Overton, que defendia que a viabilidade política, viabilidade de aceitação, de uma ideia depende principalmente dela estar dentro dessa tal janela.
Assim, por exemplo, um político teria mais chance de ter seu discurso aceito por um número maior de ouvintes se ao invés de falar ou defender suas próprias ideias, defendesse ideias gerais, preferidas pela maior parte das pessoas que lhe ouvisse, não se arriscando em pautar seu discurso por nenhum tema ou ideia nova ou que pudesse ser considerada extrema em relação ao pensamento geral da comunidade ou sociedade para a qual ele fosse discursar.
Dessa forma, afim de evitar a rejeição da maioria dos ouvintes, um político sagaz deveria aplicar a teoria da Janela de Overton, não se arriscando em pautas polêmicas.
O pecado dessa teoria é que se de um lado ela mostra o caminho para a aceitação de um discurso, de outro lado, também demonstra o quanto é ruim para a evolução de um povo os discursos sedutores da maioria dos candidatos.
Aqui em Fortaleza pode-se ver exatamente a aplicação, consciente ou não, pelos candidatos à Prefeitura da teoria da Janela de Overton em suas campanhas políticas, uma vez que nenhum deles até o presente momento ousou apresentar um discurso inovador ou abordou algum tema mais polêmico ou que ainda não se sabe o que pensa a sociedade alencarina sobre tal.
O que se tem visto nesta campanha à Prefeitura da capital cearense é apenas uma série de candidatos repetindo que representam a mudança, sem mudar nada nem mesmo em seus discursos, os quais sabidamente abordam somente temas como saúde, educação, segurança e emprego, áreas que comumente são tratadas por todos, é claro.
Gostaria, sinceramente, que alguns dos prefeituráveis tivessem a coragem de abordar de forma clara e expondo os seus posicionamentos sobre temas como as políticas públicas que pretendem implementar para diminuir as diferenças raciais; a homofobia; a corrupção dentro do próprio governo; as obras inacabadas que, por ventura, seu antecessor tenha deixado; o que farão para diminuir as próprias regalias etc. Aliás, esse último tema, diminuição das regalias dos políticos, eu duvido muito que algum deles queira abordar.
Enfim, se a sociedade fortalezense deseja mudança com o novo governante municipal, deve prestar atenção em seu discurso, pois não dá para chegar a resultados diferentes acreditando em quem fala a mesma coisa.