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Os podcasts no jornalismo
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Os podcasts no jornalismo

Tipo Opinião

Considerados um conteúdo de nicho quando surgiram, os podcasts cada vez mais ganham força e espaço no jornalismo. São áudios transferidos via internet que podem ser baixados ou ouvidos diretamente a partir dos sites de quem os cria. Normalmente, são gratuitos. O POVO tem feito uso recorrente dessa ferramenta. Há quatro podcasts fixos que podem ser acompanhados em dias específicos pelo portal.

Interessante relembrar que, na chamada "era de ouro do rádio", do início dos anos 1930 até o fim da década de 1950, a radiodifusão mesclava informação, música e entretenimento em geral. É dessa época que advêm grandes nomes da comunicação radiofônica, como Roquette-Pinto e Roberto Marinho, além de famosos compositores e cantores da música popular, como Noel Rosa e Lamartine Babo.

Talvez desde essa época não vivamos um tempo de tanta empolgação pelo consumo de informações tão somente pelo áudio. É certo que a popularidade do rádio, alcançada então, resiste e se mantém forte. Não seriam os podcasts uma forma mais sofisticada de retomar essa comunicação, com mais mobilidade e tecnologia?

Um dos pontos positivos dos podcasts é a chamada segmentação do conteúdo, em que se pode dividir os assuntos, em contraposição aos programas tradicionais. Cada um dos podcasts do O POVO, como "Recorte", "Assim caminha a humanidade", "Fora da Ordem" e "FutCast", tem tema específico e pode atender a um público particular - como o podcast geralmente é.

Reinvenção

Há um esforço do jornal em desenvolver a convergência por meio das suas plataformas, em especial ultimamente com o uso dos podcasts. As atualizações são frequentes, o formato tem se aperfeiçoado e novas técnicas têm sido incluídas. No entanto, ainda precisamos comunicar melhor e promover de forma mais acessível o material que é produzido.

Além das plataformas nas quais o conteúdo está inserido (como Spotify, Deezer e iTunes, por exemplo, que exigem que se baixem aplicativos), os podcasts são veiculados no portal. Há matérias que informam quando um novo conteúdo é publicado.

No portal, é necessário que estejam mais bem localizados de forma que os ouvintes usuários tenham mais facilidade para encontrá-los. Além disso, não se exige uma explicação dos termos a cada matéria feita sobre a atualização dos podcasts. Entretanto, determinadas expressões não parecem tão acessíveis assim a boa parte do público. Será que é compreensível para a maioria lidar com "player", "streaming", "storytelling" e "serviços de stream", por exemplo?

Nunca é bastante quando o jornalismo informa. Ninguém perde com isso. Mas, com tanto estrangeirismo e o acúmulo de informações a serem consumidas, a mídia pode ajudar a disseminar o conceito do produto que produz.

É notória a praticidade com mais esse canal de conteúdo. Existem assuntos específicos, a partir do interesse do usuário; a circulação é gratuita; está publicado em vários meios e plataformas; tem a vantagem da informação a ser contada e ouvida, que não demanda do público uma atenção exclusiva, como a leitura de um texto escrito.

Os produtos jornalísticos, que se reinventam e se recriam a cada nova ferramenta, devem, sim, aproveitar o momento e investir na produção de conteúdo qualificado para o formato. Mas precisa disto mesmo - procurar material jornalístico interessante e explorá-lo. É necessário deixar explícito o que é análise, o que é notícia e o que é entretenimento. Caso contrário, cai-se na mesma malfadada confusão do impresso.

Outro ponto a ser observado é a duração dos podcasts. Há alguns bons exemplos de materiais pelo País com o tempo máximo de 15 minutos. O público do O POVO está disposto a se concentrar para ouvir um podcast de 28, 43 e até 59 minutos? Se o assunto atrair, é possível. Porém, como o jornalismo não sobrevive de possibilidades, também é necessário mapear o perfil do ouvinte e saber de suas preferências. Jornalista não produz necessariamente para si.

A ferramenta é mais uma boa opção para a imprensa diversificar sua programação, qualificar seus produtos e trazer de volta um público que buscava formas alternativas e inseguras de se informar. A imprensa, todavia, deve conhecer o público para quem fala e, num caminho inverso, também ouvi-lo.

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