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As notícias falsas e o apelo emocional
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

As notícias falsas e o apelo emocional

Tipo Opinião

Dias depois de o Edifício Andréa ter desabado, mensagens começaram a circular na internet, em redes sociais e aplicativos afins, solicitando o pagamento de taxas, supostamente em nome do Corpo de Bombeiros. A corporação precisou agir rapidamente para negar o envio e desmentir que envie e-mails ou outras mensagens fazendo tais cobranças.

Não são poucas as mentiras que temos recebido e às quais temos assistido em relação à trágica ocorrência do óleo no litoral do Nordeste. Desde a atribuição da responsabilidade a uma petrolífera até imagens de embalagens que informariam a origem da empresa responsável pelo vazamento do óleo, são boatos que atrapalham o fluxo das informações repassadas pela imprensa e que em nada contribuem para a comunicação responsável de que precisamos. Já há até mensagem em que se aterroriza a população a evitar o consumo de pescados devido ao alto risco de contaminação pelo óleo.

É preciso cuidado, claro, para coibir qualquer malefício à saúde. Mas, sobretudo, é necessário equilíbrio para não acreditar em tudo o que se lê. Não podemos permitir que se criem espaços para que informações não verificadas e, portanto, não verdadeiras se disseminem agora. São em situações como as que vivemos, marcadas por momentos de tragédia, com alto nível de apelo emocional e traumas, que os conteúdos mentirosos encontram meios para serem gerados e disseminados.

Fraude

As notícias falsas nunca deixaram de existir, mesmo com o fim do período eleitoral, e surgiram há muito. E às vésperas de mais um pleito, elas se intensificarão. Como uma ameaça ao bom jornalismo, elas se aproveitam da vulnerabilidade de qualquer situação em que haja uma repercussão maior para proliferar. O intuito é sempre manipular a opinião de alguém para o mal, fomentando boatos e levando o público ao erro. Nos momentos de tragédia, como o que vivemos há alguns dias, o cuidado deve ser maior a fim de que não sejamos levados a acreditar em tudo o que não seja veiculado por uma fonte de credibilidade.

Temos estratégias ineficazes e ineficientes de combate às notícias fraudulentas - que têm por matéria-prima a fraude. Agimos mais na crise do que na prevenção. As instituições que têm como dever o enfrentamento do boato ainda não conseguiram encontrar meios devidos e potentes de frear essa disseminação descontrolada. É certo que a velocidade das informações, a facilidade de compartilhamento e do acesso à tecnologia e a fragilidade da legislação contribuem para que existam essas dificuldades.

A divulgação das notícias falsas interessa à imprensa, porque trata de um produto com que ela lida. Mas não deve interessar tão somente a ela. É uma responsabilidade que precisa ser compartilhada com a sociedade. A partir do momento em que um leitor avalia a fonte da notícia que recebe, verifica elementos como data e horário e questiona se aquilo é realmente verdadeiro, ele atua como agente de controle social, barrando ali o compartilhamento de uma mentira, que poderia se estender.

Muitos veículos de comunicação passaram a incluir em suas rotinas estratégias de checagem de fatos a fim de minimizar esses rumores e promover mais informações com boa qualidade. O POVO tem ação do tipo. Como meios que atuam diretamente com a informação e, assim, preocupados com a credibilidade do que divulgam, as empresas precisam encontrar maneiras de não serem propagadoras dessas fraudes. Se as redes sociais já são um canal descontrolado para isso, o jornalismo não precisa compactuar e ser mais um.

A checagem já é parte do processo de apuração jornalística. Se há essa intensificação, reconhece-se que precisamos agir mais e melhor. Afinal, é o público o mais prejudicado em todo esse processo. Diante da insegurança sobre o que é certo e o que é verdadeiro, não se sabe, muitas vezes, em que acreditar. A imprensa não deve deixar que se esvaneça a credibilidade do que publica.

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