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Um novo jornalismo em 2020?
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Um novo jornalismo em 2020?

Tipo Opinião

Não é porque a folha do calendário vira daqui a pouco que tudo se transforma. No entanto, temos o hábito já arraigado de encerrar alguns ciclos e renovar outros tantos a cada mudança de período. Em todo fim de ano, é assim. No jornalismo, é um pouco parecido. Não esperemos uma revolução gigantesca a partir de janeiro, mas ela tem vindo paulatinamente.

É extremamente preocupante a informação de que 79% dos entrevistados por uma pesquisa realizada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal usam como principal fonte de informação o WhatsApp (O POVO, 10/12/2019 - https://bit.ly/2tPDWRd ). O aplicativo, que mais é uma rede social, pode ser meio de compartilhamento de todo tipo de dado e informação - falsa inclusive.

O que fazer com esse dado que a pesquisa mostra? É impossível ignorar que o aplicativo hoje é ferramenta prática e acessível para boa parte dos leitores se comunicarem. Entretanto, é preciso que seja usada de forma educativa e coerente. Além disso, não se podem excluir plataformas de vídeo, como o YouTube, e redes sociais, como o Instagram, utilizadas como fontes de informação.

O desafio dos veículos jornalísticos é: diante dessa realidade, como se adaptar? Como disponibilizar conteúdo de qualidade para informar a audiência, sem tão somente replicar o que já foi publicado nas demais plataformas? E mais do que isso: como utilizar essas ferramentas, dentro de suas especificidades, sabendo que há usuários determinados em cada uma?

Credibilidade

Isso inclui manter a credibilidade no jornalismo profissional e em suas mídias. Se os leitores de jornal impresso estão a cair ou a se manter em determinadas faixas, é necessário reconquistá-los e atrair novos leitores em outras plataformas.

O jornalismo e seus profissionais já vêm sendo muito atacados, por diversas formas, principalmente neste ano. Não há perspectivas positivas de que uma virada brusca melhore isso significativamente de um ano para outro, mas podemos fazer com que a energia não seja totalmente gasta em conflitos do tipo e, sim, consumida em debates públicos produtivos e pulverizada em coberturas expressivas.

É preciso cuidar também para o contexto de violência a que estão submetidos os profissionais - seja física, seja verbal. O ano de 2019 tem sido hostil para os jornalistas. Ondas de incitação à violência nas redes sociais contra profissionais foram recorrentes como reflexo ainda do clima de intolerância e truculência que vivemos.

No ano passado, 2018, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) apontou 156 registros de casos de violência a jornalistas e comunicadores "em contexto político, partidário e eleitoral", assim listados: 85 ataques por meios digitais, com 69 profissionais afetados; e 71 casos físicos, com 66 atingidos. A maioria dos casos digitais se refere à exposição indevida dos profissionais, quando os agressores os acusam de serem "de esquerda ou de direita e incentivando ofensas em massa", de acordo com a Abraji.

Isso também é um dado para o qual devemos estar atentos, visto que 2020 é um ano eleitoral. E eleições municipais são uma cobertura complexa, por serem uma agenda mais pulverizada, com mais interesses por todos os lados. Além disso, em muitos casos, as pautas se restringem aos maiores colégios eleitorais, preterindo os casos dos rincões do Interior que também mereceriam vigilância midiática.

Sim, cabe à imprensa fiscalizar os gestores públicos e os poderes, mas nem sempre há profissionais e recursos para isso. Por isso, priorizam-se aqueles com mais eleitores, tomando por critério de seleção o "interesse público". Mas é de interesse público também saber que, mesmo em locais mais afastados e talvez com menor quantidade de eleitores, a imprensa está presente cobrando responsabilidades e fazendo o clichê do jornalismo: investigação.

Que, em 2020, tenhamos menos conflitos a dirimir e nos debrucemos mais sobre o que, de fato, importa. Refletir o jornalismo e suas novas práticas é cada vez mais primordial para quem atua nesta era de produção de narrativas.

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