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Recomeços
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Recomeços

Ombudsman para quê? Por que um jornal insiste em pagar por um jornalista que critica o próprio jornal? É a pergunta feita ao longo de 26 anos ao O POVO, que insiste em manter o cargo diante de um mercado tão turbulento, mas de um cenário tão necessário por refletir o jornalismo.

Neste 2020, O POVO celebra 92 anos de história. Desde 1994, mantém a ouvidoria no jornalismo, inaugurada pela professora Adísia Sá, hoje ombudsman emérita. De lá para cá, 15 jornalistas assumiram a função.

Somos nós nesta ordem: Adísia Sá (1994/1995, 1995/1996), Márcia Gurgel (1996/1997), Adísia Sá (1997/1998), Lira Neto (1998/1999), Gibson Antunes (1999/2000), Adísia Sá (2000/2001), Débora Cronemberger (2001/2002), Regina Ribeiro (2002/2003), Roberto Maciel (2003/2004), Gualter George (2004/2005), Plínio Bortolotti (2005/2006, 2006/2007, 2007/2008), Paulo Verlaine (2008/2009), Rita Célia Faheina (2009/2010), Paulo Rogério (2010/2011, 2011/2012, 2012/2013), Erivaldo Carvalho (2013/2014), Daniela Nogueira (2014/2015), Tânia Alves (2015/2016, 2016/2017, 2017/2018) e Daniela Nogueira (2018/2019, 2019/2020).

Cá assumo a função pelo quarto ano, o terceiro seguido. É um exercício que nos permite reflexão contínua em tempos em que o jornalismo é desafiado ante a qualidade do que se publica. O ombudsman não é mais um cargo. Transformou-se em instituição.

Nem por isso, porém, é uma atividade cabotina. Lidar com a crítica exige, muitas vezes, mais equilíbrio, paciência e serenidade de quem a faz do que de quem a recebe. Especialmente quando lidamos com colegas de trabalho com todos os matizes de personalidade. Estar na função de ombudsman é, por vezes, colecionar desafetos dentro de casa. É aprender a conviver com rusgas, indiferença e respostas indelicadas.

Mediação

É também uma função solitária. É trabalhar sozinha, ler, ouvir, atender, responder, ler, explicar, tomar decisões, escolher temas, mediar problemas, buscar soluções, ler, tomar um cafezinho. Sozinha. Todos os dias. É, sobretudo, um aprendizado cotidiano que nenhuma outra atividade no jornalismo proporciona.

O ombudsman sempre desperta curiosidade, seja pelo nome pomposo, de origem sueca que mantemos, seja pela exclusividade que asseguramos na função por aqui. Mas também não é imune à crítica.

Nos últimos meses, li e ouvi de leitores que eu defendia um e outro partido ou político. Também fui questionada por que a ouvidoria não mandava na Redação. Também me ligaram chateados por que o assunto do qual reclamaram não foi tema da coluna (esta, de domingo). Também se irritaram quando eu tentei explicar que artigo é opinião, e notícia é fato. Lá se pode expressar um ponto de vista sem que o jornal seja responsabilizado.

Também me cobraram um posicionamento político diante de fatos da conjuntura sem que eu precise fazer isso. E me cobraram um posicionamento acerca de fatos que ocorreram em outras empresas.

Estamos aqui para continuar discutindo o jornalismo, analisando os problemas, refletindo sobre eles e contribuindo para que a informação seja mais bem produzida e, portanto, chegue com mais qualidade ao leitor - em todas as plataformas. O jornalista precisa ter em mente que há uma audiência exigente, em um mundo em que a informação precisa é necessidade.

Ao finalizar este mandato e começar um novo, e ao falar tanto em crítica, é preciso também me colocar à metacrítica. Ombudsmans, porque humanos, erram. Por isso, é necessário sempre me pôr ao cuidado da autorreflexão para não persistir no equívoco.

Ter um ombudsman em um veículo de comunicação não é garantia de que tudo seja bem-sucedido. É, sim, um canal de comunicação com o leitor, um meio de discussão do jornalismo, uma forma de autocrítica do veículo na busca pelo que todos queremos: um jornalismo mais qualificado em uma democracia mais forte.

Agradeço à Presidência do O POVO, pela independência com que sempre conduzi as críticas; à Direção de Jornalismo e à Direção da Redação, pelos debates esclarecedores e honestos; e aos demais colegas, pela paciência e atenção. Aos leitores, minha gratidão pela confiança.

Minha gratidão também a dois professores queridos, dos quais nunca me esqueço e que muito me ensinam ainda: professor Nonato Lima (UFC), meu eterno e querido orientador, que me revelou, tão sábia e pacientemente, o mundo da análise do discurso (e que há pouco me disse ler a coluna todo domingo, talvez na ausência de uma leitura mais agradável); e professor Agostinho Gósson (in memoriam), ex-ouvidor da UFC, de quem guardo as melhores lições de sabedoria - de jornalismo e de humildade. São eternizados em mim.

ATENDIMENTO AO LEITOR

De Segunda a Sexta-feira, das 8 horas às 14 horas

"O Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por até três períodos. Tem status de Editor, busca a mediação entre as diversas partes e, entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Tem ainda estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".

CONTATOS

EMAIL: OMBUDSMAN@OPOVO.COM.BR

WHATSAPP: (85) 98893 9807

TELEFONE: (85) 3255 6181

(Se deixar recado na secretária eletrônica, informe seu telefone)

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