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Coronavírus e as notícias falsas
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Coronavírus e as notícias falsas

Tipo Opinião

Havia uma expectativa ansiosa de que o temido vírus chegasse ao Brasil. Até a última sexta-feira, só casos suspeitos da doença transmitida pelo coronavírus. Nenhuma confirmação ainda em toda a América Latina. No Brasil, há investigação em seis estados (dados de sexta, 31/1). No Nordeste, o Ceará é o único estado que segue com caso em análise. É natural que haja certa preocupação, porque, à medida que o fato se aproxima do nosso ambiente, aumenta o temor.

Um primeiro ponto a considerar para mantermos cautela é que não há confirmação ainda - o que não significa dizer que os protocolos de saúde não devam ser seguidos. Não é isso. Tudo está sendo feito, como noticiado, segundo orientam os protocolos de saúde, e isso deveria nos deixar um pouco mais seguros. Se o homem que está com suspeita do vírus está isolado, todos os que tiveram contato com ele estão sendo monitorados, e nem você nem eu tivemos contato com ninguém das províncias atingidas, sentimo-nos mais protegidos, não?

Um segundo ponto: é preciso cuidado para não compartilharmos mentiras a respeito de um assunto sério e sairmos assustando várias pessoas menos orientadas sobre o tema. Beira a falta de sensatez a quantidade de boatos - ou de notícias falsas, caso ainda queiram usar a expressão - acerca da doença. Pode ser risível para alguns, mas há quem associe o vírus a uma marca de cerveja mexicana com nome parecido.

Se é cômico para alguém que vive de disseminar gracinhas pela internet e pelos grupos de conversa de celular, pode se tornar motivo de pânico para alguém que não se dará o trabalho de verificar a informação e, assustado, contribuirá para espalhar mais ainda a mentira.

Pânico

As mentiras, porém, não cessam na relação com a cerveja. Já li algo sobre fórmulas de proteção, como chás caseiros, além da invenção do vírus em laboratório. Além disso, há quem garanta que há milhares de mortos que a imprensa não divulga além de casos ocultos pelos governos. Se alguma dessas histórias for verídica, esperemos que os próximos dias mostrem os fatos.

Até o filósofo Olavo de Carvalho, que deveria se ocupar de outras teses, cuidou em dar seu pitaco adiantando-se aos inúmeros especialistas em saúde pelo mundo. Publicou em seu perfil nas redes sociais um vídeo em que se afirma que a patente do vírus é do criador da Microsoft, Bill Gates, e comenta: "O Bill Gates patenteou o coronavírus e tudo isso tem um objetivo: redução populacional".

Imagine a quantidade de pessoas que realmente pode acreditar nessas hipóteses. Alguns influenciadores, digitais ou não, virtuais e reais, têm essa capacidade de convencer sem o uso de tantos argumentos sólidos e plausíveis o público que os acompanha. Há gente que acredita e ponto.

Além de combater essas mentiras, comunicadores em geral - jornalistas sobretudo - precisam ter muito equilíbrio, em situações como esta, para informar sem criar um ambiente de pânico. Na imprensa cearense, principalmente agora, com um suspeito no Estado, há matérias em todas as mídias. Perfil do homem, por onde ele esteve quando chegou ao Estado, como a doença se manifesta, casos pelo mundo, enfim. Mas o que há de notícias que tranquilizam a população? O que há de informação precisa e objetiva que possa educar sem alarde e sem causar desespero no leitor?

Na semana que passou, em uma das matérias nas redes sociais do O POVO, o leitor Geraldo Sarmento comentou sobre o teor da cobertura: "(Tudo é) sobre quantidade de vítimas, isolamentos, construções de hospitais, prevenções que os países estão adotando etc. Mas não se fala em quantos já ficaram bons, os que estão se recuperando, o estado de evolução dos que já estão isolados etc."

Na coluna de domingo passado, "Notícia boa e notícia ruim", neste mesmo espaço, analisei justamente isto: não se pode excluir os fatos, mas é preciso não desviar o olhar. Há notícias boas e ruins em todos os ambientes. Por vezes, na mesma história. Por que optamos por um lado só? Neste caso, é óbvia a necessidade de informar o alerta. Jornalismo vive de servir. É (quase) evidente também a necessidade de informar que há pontos positivos e que não há motivo para terror.

Além de oferecermos mais opções para arejar as leituras do público, enfrentamos o mal das notícias falsas com a melhor das fórmulas. Afinal, só se combate a desinformação com informação.

Volto já

Estarei de férias neste mês de fevereiro. Até a volta!

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