Logo O POVO+
Pandemia e crise do impresso
Foto de Daniela Nogueira
clique para exibir bio do colunista

Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Pandemia e crise do impresso

Tipo Opinião

Se o leitor acompanha os jornais pela edição de papel, já percebeu que o impresso está com menor quantidade de páginas. Com a maioria do conteúdo destinada à cobertura do novo coronavírus, as editorias passaram por um rearranjo.

As páginas destinadas aos esportes se reduziram. Os cadernos no formato tabloide (como os Populares) se transformaram em páginas no modelo standard. Algumas seções e colunas não estão sendo publicadas por ora. A "navegação", que é a sequência em que as editoriais e matérias são publicadas, tem mudado. A quantidade de anúncios também caiu e, com isso, a receita das empresas.

A cobertura do novo coronavírus, que se concentra ativamente no on-line, pela quase instantaneidade das informações, está mais condensada no impresso. Sempre tem um espaço de destaque, ocupando todos os dias a manchete do jornal e quase todas as demais chamadas da capa.

No entanto, a discussão acerca do futuro do impresso ronda fortemente o Jornalismo. Não se sabe quais serão os direcionamentos no mundo pós-pandemia, mas esta é uma área que não passará incólume.

Pelo País, a crise nos veículos de comunicação, que já era algo notório, parece se consolidar. Um dos mais tradicionais jornais do Nordeste e um dos dois impressos em circulação no estado (junto com A União), o Correio da Paraíba, chegou ao fim no último dia 4. O Sistema Correio de Comunicação justificou que a crise do novo coronavírus catalisou a situação econômica crítica do jornal, que encerra as atividades com 66 anos de história.

On-line

O jornal esportivo Lance! foi outro atingido pela crise da Covid-19. O editorial publicado na última edição impressa, no dia 21 de março, alega que a decisão foi tomada pela provável queda de venda nas bancas. Conforme o jornal, a suspensão do impresso é temporária. O Metro também deixou de publicar suas edições impressas. Está focando seu conteúdo em edição digital após 13 anos de distribuição gratuita pelas ruas de São Paulo.

Há tempos, sabe-se, as empresas de comunicação têm voltado seus conteúdos ao meio digital, seja por falta de recursos para manter o impresso, seja pelo maior interesse da audiência pelas outras mídias. É o meio que tem ganhado força no jornalismo profissional neste momento.

No O POVO Online, a audiência tem crescido consideravelmente nesta situação de pandemia. Em uma comparação entre o período de 15 de março (data da divulgação do primeiro caso de Covid-19 no Estado) a 16 de abril (dado mais recente) em relação ao período de 11 de fevereiro a 14 de março (período imediatamente anterior), foi registrado um crescimento de 56,97% das visualizações de páginas e de 58,52% dos usuários no portal do O POVO.

Em relação com o mesmo período do ano anterior (de 15 de março a 16 de abril de 2019), os dados demonstram um crescimento de 112,31% das visualizações de páginas e de 202,63% dos usuários. O canal "Coronavírus", que reúne todo o conteúdo acerca do assunto, é responsável por 22,2% dessa audiência total. Os números foram repassados pelo jornalista Érico Firmo, coordenador de plataformas O POVO.

Érico considera o aumento da audiência bem expressivo. "A audiência do canal Coronavírus representa uma parcela superior a um quinto do total, mas não reflete o total da audiência do assunto. Afinal, política, economia, cidades e mesmo esportes passam a ter os noticiários também pautados pela Covid-19. Mas os números mostram também grande interesse por assuntos que não tratam da Covid-19. Respiros na cobertura têm sido bem recebidos", analisa.

As plataformas digitais têm reforçado suas coberturas neste período, investindo mais em jornalismo de qualidade no meio digital - uma aposta necessária para a sobrevivência de muitos veículos. O aumento da audiência é interessante ao se inferir que haja um crescimento também no número de leitores, que estão procurando meios profissionais para a busca de informações.

Isso ocorrerá em detrimento dos jornais impressos? A pandemia está expondo as fragilidades e potencializando outras crises. O certo é que o impresso é um "modelo de negócio" que se tem mostrado pouco viável financeiramente há um bom tempo. O mercado ainda é controverso e nos faz crer que as tendências estão se acelerando mais pela necessidade do que pela oportunidade. 

Foto do Daniela Nogueira

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?