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Covid-19: a segurança dos profissionais na cobertura
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Covid-19: a segurança dos profissionais na cobertura

Tipo Opinião

Com a cobertura da pandemia de Covid-19, temos aprendido muito - sobre o que fazer e o que não fazer. Nos cursos, seja de graduação, sejam nos muitos que fazemos depois, aprendemos técnicas variadas, estudamos jornalismo especializado, conhecemos estratégias de gerenciamento de crise, esquadrinhamos cobertura de tragédia e afins.

Muitos de nós, porém, talvez nunca imaginamos estar dentro da cobertura de um surto pandêmico, em que várias outras crises se entrelaçam. O trabalho da imprensa, como atividade essencial que é, faz com que a responsabilidade de cada um seja muito maior. Essa responsabilidade faz de cada um agente importante na contação de histórias que é o Jornalismo. Não nos dá, porém, imunidade.

Temos visto, principalmente na TV, repórteres em pauta na rua usando máscaras como uma proteção necessária contra a contaminação do coronavírus. Por aqui, no O POVO, todos já usam a máscara de tecido se for necessário sair em pauta, além dos demais cuidados, como o uso do álcool em gel e máscara protetora facial (face shield).

Nos últimos dias, os casos da doença se multiplicaram no Ceará. O número de atendimentos nos hospitais fez com que a rede pública quase esgotasse o número de leitos ocupados, e alguns hospitais da rede privada atingissem sua capacidade máxima.

E os jornalistas, repórteres, repórteres fotográficos e cinegrafistas principalmente, continuam lá - nos arredores das unidades de saúde, conversando com pacientes e familiares, nas portas das emergências em busca do melhor ângulo para as imagens, nas aglomerações das filas dos bancos.

Precisamos, sobretudo, contar as histórias, é verdade. Se não nós, quem fará isso? As práticas jornalísticas nos exigem o observar, o questionar, o perceber. É o Jornalismo que denuncia a irregularidade, a falta do direito básico, do não atendimento, da espera prolongada na fila. É o Jornalismo que cobra aos gestores, que exige as devidas responsabilidades, que faz a mediação. Sem estar por perto, muitas vezes, é mais difícil.

Acontece que, nesta época, em que a alta contaminação dispara, o jornalista na rua também está vulnerável. É preciso refletir acerca do que fazemos e sobre como fazemos - é realmente necessária toda essa exposição? Se, de fato, for e não houver outra maneira de contarmos as histórias, devemos nos proteger melhor.

No meio da rua, em meio às aglomerações e nos arredores de hospitais, com uma máscara, o jornalista é mais um dentro do grupo de risco.

Lockdown?

Quando governador e prefeito anunciaram as medidas que passaram a valer no meio da semana, a imprensa se inquietou, porque não soube como qualificar. Seria o famigerado "lockdown"? Nem um dos dois usou a expressão estrangeira, um termo jurídico para se referir ao confinamento, ao bloqueio total de um lugar. Esperaram-se os decretos municipal e estadual, e o termo não foi citado.

Na comunicação oficial do Governo do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, usa-se, de forma predominante, "isolamento social rígido". Em transmissão ao vivo na quinta-feira, 7/5, o governador Camilo Santana comentou: "Decidimos fazer em Fortaleza um isolamento social mais rígido, alguns chamam de lockdown, não importa, o que importa é que são ações mais rígidas".

Há uma questão jurídica para o uso do termo. Por isso, os órgãos oficiais são cuidadosos. Mas a imprensa já saiu disparando nas manchetes como se fosse a expressão mais comum para o público. Depois que o secretário da Saúde do Estado citou a expressão em coletiva (https://is.gd/ENW9cK), a imprensa cearense passou a utilizar de forma geral.

No O POVO, o uso também foi adotado, inclusive em manchetes e nas redes sociais. Além disso, o jornal tem utilizado: isolamento rígido, isolamento mais rígido, medidas mais severas, isolamento social rígido e endurecimento das ações, por exemplo.

No meio de tudo isso, vale uma discussão: a imprensa tem legitimidade para chancelar o termo? Ou resolveu adotar o uso de forma prática porque acha que facilita a comunicação?

É necessário que a mídia tenha parcimônia ao explicar reiteradas vezes o que significa a expressão estrangeira. O público não deve sair procurando o que o produto autoexplicativo deveria definir. Já bastam o home office, o homeschooling e as face shields no contexto da terminologia pandêmica. Na sexta, ainda apareceu por aqui o home wedding.

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"O Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por até três períodos. Tem status de Editor, busca a mediação entre as diversas partes e, entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Tem ainda estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".

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