Logo O POVO+
Jornalismo: e quando tudo isso passar?
Foto de Daniela Nogueira
clique para exibir bio do colunista

Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Jornalismo: e quando tudo isso passar?

Tipo Opinião

A experiência nos mostra que, quando há um planejamento, aprendemos a lidar melhor com as adversidades. Por mais que não saibamos prever a maioria dos acontecimentos, ao resgatar vivências anteriores, é possível nos prepararmos a partir das lições aprendidas. Nem sempre, porém, há a possibilidade de prevermos as crises. Esta, a maior crise de saúde da história do País, passa por vários outros setores, o do Jornalismo inclusive. A crise não tem data para acabar, estuda-se sobre o seu ápice, mas já há muito questionamento: o que será do Jornalismo "quando tudo isso passar"?

O "chão de fábrica" das Redações migrou para as casas dos jornalistas e dos demais profissionais dos jornais, e todo mundo está no meio de uma crise fazendo de suas dependências domésticas o seu ambiente de trabalho. Estamos cada vez mais hiperconectados, porque precisamos estar atualizados e irmos atualizando o público. Estamos trabalhando horas excessivas, tentando ser megaprodutivos, porque, afinal, estamos em casa... Estamos tendo de lidar com todo contratempo com os equipamentos tecnológicos, porque os imprevistos não escolhem crise para acontecer. E os jornais não param.

Esse "trabalho remoto" tem mostrado várias lições para o fazer jornalístico. Estamos todos fazendo o que é possível ser feito dentro das nossas condições. Os veículos e os profissionais, por certo, não imaginavam o surto nessas proporções a ponto de demandar até "um isolamento social mais rígido". A Redação, que era fixa, e que congregava todos profissionais ao redor, porque depende de um sistema para funcionar, hoje se vê desagregada com o mínimo funcionando fisicamente, o que antes era impensável. Podemos pensar, então, num novo modelo de Redação?

Redações

Nos últimos dias, participei de algumas conversas, por teleconferência, com estudantes do curso de Jornalismo de duas universidades cearenses. Nos debates, além de uma gama de assuntos que envolve o tema, uma preocupação é constante: o que esperar do Jornalismo no pós-pandemia?

Se já é complexo definir algo em termos matemáticos, imagine traçar perspectivas para o mundo da Comunicação em termos subjetivos. É inegável, porém, que algumas reflexões serão feitas e algo do que estamos praticando hoje será continuado.

Há quem assegure que as Redações remotas são um novo modelo que combina a crise financeira dos veículos, a flexibilidade almejada por muitos profissionais e a praticidade encontrada por outros. É verdade que existem tais vantagens em manter remotamente um profissional ou até equipes. Seria, por certo ponto de vista, benéfico para a empresa, que economizaria com custos de manutenção; e para o profissional, que pouparia tempo.

Entretanto, é preciso ter em mente que Jornalismo é construção, é compartilhamento de ideias, é diálogo, é apoio mútuo. E por mais que todos os aplicativos de teleconferência e de demais diálogos virtuais se proponham a aproximar os profissionais e rearranjar as reuniões de pauta, nenhum espaço substitui uma Redação física. É ali onde argumentos são postos e contrapostos, e onde conflitos ocorrem para que as práticas jornalísticas se estabeleçam.

Além disso, nestes tempos, temos voltado nossas atenções para as notícias on-line/digitais. Muitos, por receio do contato com o objeto físico ou por falta de acesso a ele, têm tido mais acesso à internet. E o Jornalismo vem acompanhando essa tendência, investindo nesses meios, principalmente em transmissões por vídeo e por áudio, com debates, entrevistas e toda sorte de programas, a fim de prender a atenção do público. É natural que isso se catalise nos próximos tempos, seguindo uma inevitável disposição.

Muitas ferramentas que têm sido usadas pelos jornais não são novas. O que há de inovador é a forma como as produções estão sendo feitas. Há programas surgindo para entreter o público que está em casa; as redes sociais estão sendo promovidas para demandar a interação; há cada vez mais aplicativos disponibilizados para atingir o público.

Quando o surto passar, será mais visível para o Jornalismo e seu público como a internet tem alternativas inúmeras que a necessidade da crise nos obrigou a usar.

Que o Jornalismo não se enfraqueça no mundo pós-pandêmico, mas, antes, que usufrua dos aprendizados deste período para elevar a qualidade do que publica.

ATENDIMENTO AO LEITOR

DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 8 H ÀS 14 HORAS

"O Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por até três períodos. Tem status de Editor, busca a mediação entre as diversas partes e, entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Tem ainda estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".

CONTATOS

EMAIL: OMBUDSMAN@OPOVO.COM.BR

WHATSAPP: (85) 98893 9807

TELEFONE: (85) 3255 6181

(Se deixar recado na secretária eletrônica, informe seu telefone)

Foto do Daniela Nogueira

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?