Logo O POVO+
Na hora sai
Foto de Marcos Sampaio
clique para exibir bio do colunista

Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM

Marcos Sampaio arte e cultura

Na hora sai

O disco "Jam 80" nasceu num período de recalibragem do rock nacional. Dinho Ouro Preto negociava a volta do Capital Inicial. A Plebe Rude estava esfacelada e Dado Villa-Lobos ainda estava em busca de um caminho musical após a morte de Renato Russo
Tipo Análise
Capa do disco Jam 80, registro oficial do encontro histórico  (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Capa do disco Jam 80, registro oficial do encontro histórico

O último texto publicado neste espaço (9 de agosto) falava sobre como a enxurrada de lives pôs de volta na ordem do dia a filosofia "faustãonica" do "quem sabe faz ao vivo". Sem espaço para muitos truques, tocar em casa obrigou artistas a se mostrarem sem muita produção.

O tema acabou me lembrando de um disco gravado em 1997 cujo grande valor está justamente na imperfeição. Tudo em "Jam 80" é pautado na espontaneidade e no prazer de reunir a turma pra fazer um som. Como o nome dá uma pista, trata-se de uma "jam session" organizada por representantes do rock brasileiro dos anos 1980. A brincadeira nasceu quando Dado Villa-Lobos foi convidado para fazer o show de encerramento do Skol Rock. O produtor do evento ignorou o fato da banda de Dado, a Legião Urbana, ter encerrado as atividades um ano antes com a morte de Renato Russo.

Sem banda na época, a solução foi arregimentar a turma, apostar na experiência e no direito à farra. Toni Platão, Bi Ribeiro, Fausto Fawcett e o baixista Mingau foram alguns dos convidados. O repertório era formado por sucessos deles e de gente que influenciou a turba roqueira, de INXS a Ramones. Deu tão certo que, uma semana depois, sem ensaio, eles se reencontraram no estúdio carioca AR para um registro sob a batuta do produtor Tom Capone.

"Jam 80" saiu como brinde da revista Showbizz de abril de 1999. São 10 faixas, quase todas gravadas ao vivo no estúdio, poucas lapidações e muitos "quilos de cerveja", como dizia Capone. Dinho (doente com salmonela) brilha numa excelente versão "Fui eu", de Herbert Vianna que, por sua vez, faz uma versão grave e sóbria de "Geração Coca Cola". Por falar na Legião, Dado estreia como cantor numa polêmica versão de "Toda forma de poder" (parte da turma não quis tocar o sucesso dos Engenheiros do Hawaii).

Em 2006, o álbum "Combate Rock" resgatou essas gravações e juntou com outras que não haviam sido liberadas. Por exemplo, Dinho Ouro Preto inspirado em "I will follow", do U2 (ficou muito bom). Tem também novas versões, como "Até quando esperar", da Plebe Rude, que no primeiro disco foi cantada por Jander "Ameba" Bilaphra e no segundo por Nasi, do Ira!. O mesmo acontece com "Popstar", que ganhou as vozes de Alvin L. e Evandro Mesquita.

Leia também | Confira mais informações sobre música na coluna Discografia, de Marcos Sampaio

"Jam 80" e "Combate Rock" são raridades por vários motivos. Não é fácil achar o disco em sebos, assim como não é fácil achar um disco onde grandes estrelas toquem pelo prazer de tocar. Nada de plasticidade egocêntrica. Apenas a música em seu estado puro. O mesmo clima despretensioso marcou o disco ao vivo "Vamo Batê Lata", que rendeu boas vendas aos Paralamas do Sucesso em 1995. Daí em diante, a cartilha MTV colocaria outras regras na mesa, com ganhos e perdas. Uma história a ser contada mais pra frente.

A cantora cearense Nina Ximenes
A cantora cearense Nina Ximenes

Bate-papo com Nina Ximenes

A cantora cearense Nina Ximenes cresceu em São Paulo, onde desenvolveu uma carreira artística voltada para o teatro, música e publicidade. Seu disco de estreia, "Natural", foi lançado no início deste ano pela Kuarup, mas todo o trabalho de divulgação foi interrompido pela pandemia. A seguir, ela fala sobre mais esse disco. A íntegra da entrevista está disponível no Blog Discografia.

DISCOGRAFIA - O termo "eclético" virou um rótulo muito usado entre cantoras nos anos 1990. Sendo apontada agora como uma cantora "eclética", em que você se assemelha e em que você se diferencia dessa geração?
Nina Ximenes - O termo "eclética", para mim, significa cantar o que gosto, independentemente do estilo musical. Não me comparo a nenhuma cantora dessa geração dos anos 1990, pois acho que cada uma de nós tem uma característica bem marcante no jeito de cantar e na seleção do repertório.

DISCOGRAFIA - Seu disco começa com Tom Jobim (Insensatez) e termina com Black Sabbath (Changes). O que essas duas canções têm de semelhantes?
Nina - O ponto comum entre essas duas canções, na minha opinião, é o tema da letra, que fala de amores perdidos, de uma forma ou de outra. Além disso, destaca-se o tom romântico e suave de ambas as músicas.

DISCOGRAFIA - Que conhecimento você tem sobre o que se faz de música em Fortaleza?
Nina - Saí do Ceará quando eu tinha quatro anos. Tenho muito orgulho da cultura nordestina, que é tão importante para a arte brasileira. Não posso deixar de citar primeiro meus queridos Fagner, Ednardo e Belchior, que embalaram muitos momentos da minha vida. Para falar das mulheres, conheço o trabalho da Mona Gadelha e da Roberta Fiúza. Reverencio, também, Evaldo Gouveia e Manassés.

Foto do Marcos Sampaio

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?