Cearense lança livro em que analisa a obra do líder do The Doors
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Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM
Foto: Joel Brodsky/ Elektra Records/ Divulgação
Jim Morrison à frente do The Doors
Nunca ouvi relatos sobre uma relação de Jim Morrison com o Brasil. Mesmo sabendo que a introdução de "Break on through" é um samba, essa influência deve ter chegado ao líder do The Doors via ondas de rádio ou algum disco que caiu nas mãos da banda. Fora isso, desconheço qualquer relação conosco. O que não impediu o quarteto americano de cultivar fãs por aqui. Entre eles, a escritora e pesquisadora Meire Viana, que mantém canais no Youtube ("Jim Morrison, o poeta selvagem") e no Instagram (@performances_jim) sobre as palavras deste que é um dos grandes poetas do rock.
Escritora, poeta performática, professora com doutorado pela Universidade de Murcia, Espanha, ela é autora de "O divino escárnio - Poesia e Performance", livro recém-lançado pela editora Pasavento. O trabalho aborda aspectos da letra densa, caótica e imagética do americano que entrou - em 3 de julho de 1971 - para o mítico grupo de roqueiros que morreram aos 27 anos. "Eu fui em busca de um tesouro que é a sua poesia. Na verdade, ele queria ser reconhecido como poeta", afirma Meire, deixando claro que seu livro, embora registre aspectos biográficos, não é uma biografia.
Um deles é bem conhecido pelos fãs de The Doors: ainda criança, Jim viajava com a família quando viu um caminhão carregando indígenas chocado com outro automóvel. Ele viu muito sangue no chão e afirmava que, desde então, passou a ser seguido por um espírito xamã. Segundo ele, esse espírito seria o responsável por canções emblemáticas como "The end", "People are strange" e, claro, "Light my fire", bem como pela forma incendiária como ele interpretava as canções, entre gritos, olhares e quedas.
"Eu exploro a poesia e também alguns elementos que ele trabalha no palco. A queda, o grito. Uma pessoa que não conhece vai dizer assim: 'Pô, o cara estava doidão'. Ele não estava tão doidão, estava fazendo um trabalho teatral, cênico", explica Meire. Se jogar no palco, dançar, a voz empostada, improvisar longos textos e criar personagens estavam entre os artifícios que o "Rei Lagarto" usava nos palcos. "Em outras práticas performáticas, Jim rasteja pelo chão, se contorce, ajoelha, esfrega a genitália na haste do microfone, se enrosca nele, conduzindo o público ao delírio. A ideia era estabelecer uma sintonia entre a palavra e o corpo", escreve ela no capítulo dedicado à queda e ao grito.
Infância, filosofia e escapismo são outros aspectos analisados por Meire. Ela se aproximou de Jim Morrison com o filme de Oliver Stone (1991), em que o músico é interpretado por Val Kilmer. Durante a pandemia, ela buscou tudo que encontrava sobre sua obra poética, incluindo faixas gravadas pelos Doors, o único álbum solo ("An american prayer", só de poesias), trabalhos acadêmicos e livros com textos raros e inéditos. Meire também conheceu pessoas que estiveram próximas de Morrison. "Conheço um rapaz que tocava blues nos showzinhos da noite junto com o The Doors. Ele já me contou vários episódios do Morrison, das loucuras", ri a pesquisadora.
E em loucuras Jim Morrison era PHD. Dos excessos que o levaram a morrer na banheira de um apartamento em Paris até a tensa relação com os pais, tudo nele era misterioso e profundo. É no universo de quem transformava anjos e demônios em poesia e atuação que Meire Viana mergulha em busca de decifrar elementos. "O divino escárnio" é curtinho diante da lenda que se tornou Jim Morrison. Mas o texto é didático o suficiente para gerar curiosidade em novos fãs, bem como lança um olhar atento e acadêmico sobre um personagem que quis ir além da performance.
"O divino escárnio" tem três lançamentos em novembro: quinta-feira, 13, às 19h, no restaurante Bruta Flor; sexta-feira, 14, às 20h, no bar Rock80 (Parquelândia); e sexta-feira, 28, na Ria Livraria, em São Paulo
You're Lost Little Girl - Uma balada psicodélica e calma. A voz de Jim Morrison é sussurrada e vulnerável, criando uma atmosfera sonhadora e hipnótica, perfeita para relaxar.
The Spy - Um blues lento e melancólico. Morrison canta como um "espião" desconfiado em um relacionamento, com um toque de gaita e um ritmo de bar noturno.
Hyacinth House - Melodia enganosamente doce com uma letra profundamente triste. O teclado imita um cravo e a música tem um ar delicado e resignado, refletindo a melancolia final de Morrison.
Who Scared You - É uma faixa vibrante com influências de jazz-rock e R&B. Destaca-se pelo uso de metais e cordas e pelo ritmo contagiante, mostrando um lado mais experimental e enérgico da banda.
Indian Summer - Uma canção rara e minimalista. É uma meditação lírica, quase um canto, com instrumentação simples (principalmente guitarra e voz), criando uma sensação de mistério e rito.
Cantor e compositor de Fortaleza, Davi Cartaxo lançou um novo single em parceria com Androla e Gabriel Aragão (Selvagens à Procura de lei). "Pequena" é uma balada pop dançante que combina programação eletrônica com o som orgânico de baixo, bateria e guitarra. Som radiofônico com qualidade. Indico.
Feminino
Compositor cearense de longa trajetória, Rogério Franco vem revisitando sua obra através de vozes femininas. O mais recente lançamento é "Ao pé do ouvido", na voz grave e pop de Aline Costa. Essa e outras, com Claudine Albuquerque, Cida Olýmpio e Aparecida Silvino já estão nas plataformas.
Mais pop
Natural do Cariri, Davi Bandeira apostou alto em seu novo disco, "Contra a lei". O trabalho reúne nomes que trabalharam com Marina Sena, Anitta e Pabllo Vittar. Como esses nomes, o disco é pop, dançante, contemporâneo com 10 músicas em 23 minutos. A produção é bem cuidada, apesar do som genérico.
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