O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Em semana de constantes sobressaltos políticos, deu-se a queda do ministro da Educação, Abraham Weintraub. O afastamento já era esperado, porém tornou-se mais um complicador na agenda presidencial, hoje voltada a apagar incêndios em várias áreas do governo.
Nessa conjuntura difícil o presidente Jair Bolsonaro viu-se obrigado a desfazer-se de um ministro que lhe era muito próximo - tanto do ponto de vista pessoal quanto ideológico. As críticas a Weintraub avolumaram-se tanto que foi impossível mantê-lo no posto. Além de ser acusado de falta de competência para dirigir ministério de tal importância, Weintraub atuava de forma bastante agressiva, angariando inimigos poderosos no Congresso.
Tabata Amaral (PDT-SP), por exemplo, deputada especializada no tema educação, era uma das principais críticas da gestão Weintraub. Ela disse ter sentido "alívio" com a saída do ministro. Outro crítico de peso era o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que fazia questão de demonstrar desapreço ao ex-ministro.
Porém, a gota d'água a selar a queda de Weintraub, foi a fatídica reunião ministerial de 22/4/2020, na qual ele dedicou o qualificativo de "vagabundos" para os ministros do Supremo Tribunal Federal. Não satisfeito, participou de um ato de apoiadores de Bolsonaro, em Brasília, no qual repetiu o xingamento, desta vez sem citar diretamente os integrantes da Suprema Corte.
Às universidades federais Weintraub também demonstrava pouca consideração, tratando-as com a costumeira agressividade. Chegou a dizer - sem nunca apresentar a menor evidência - que os câmpus eram lugar de "plantações extensivas de maconha" e de "balbúrdia", sem também explicar a que exatamente se referia.
Nas outras fases do ensino, os problemas igualmente se acumulavam: o Plano Nacional de Alfabetização nunca decolou, houve graves problemas na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - e o ministro permaneceu ausente dos debates do novo Fundeb (fundo para o desenvolvimento da educação), conforme registros da deputada Tabata Amaral. Além disso, o MEC perdeu recursos de R$ 1 bilhão, recuperados pela Lava Jato, por não ter empenhado a verba no tempo certo.
Com um currículo desses, seria esperar muito que Weintraub deixasse o Ministério com um mínimo de serenidade. Na véspera de sua despedida, revogou a portaria de 2016, assinada pelo ministro Aloizio Mercadante (governo Dilma Rousseff), que estabeleceu a política de cotas em cursos de pós-graduação nas universidades federais. Em vista da personalidade do ex-ministro, pode-se conjecturar ter sido um gesto de vingança. Mas contra quem?
De qualquer modo, é preciso ver se o alívio pelo afastamento do ministro será seguido pela nomeação de um ministro da Educação digno do nome da pasta.
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