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Editorial: Aumentam homicídios na pandemia
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Editorial: Aumentam homicídios na pandemia

Tipo Opinião

Os cearenses acabam de ser informados sobre o aumento de homicídios no Estado durante o período de pandemia. O normal seria esperar uma diminuição desses crimes, em face das restrições impostas à vida social pela ameaça da Covid-19. O fenômeno é nacional, não se restringindo ao Ceará. No território cearense, os números até dobraram, se comparados a igual período do ano passado.

As causas desse salto ainda não estão completamente identificadas. No Ceará, apresenta-se um indício: a intensificação do conflito entre facções criminosas. Nas últimas semanas, vários bairros da cidade registraram foguetórios atribuídos à comemoração de supostas conquistas de territórios de seus rivais. A própria Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS Ceará) admite o "acirramento" da rivalidade entre grupos criminosos.

A escalada da violência, a partir de março, poderia ser creditada também ao espaço livre deixado aos delinquentes, durante o hiato de desorganização ocorrido no aparelho repressivo, em decorrência do motim que envolveu parte da Polícia Militar (PM). Especialistas continuam a ver dificuldades na segurança pública estadual para identificar e antecipar-se a ameaças, graças, sobretudo, a falhas e deficiências nos serviços de inteligência.

Olhando-se a situação no âmbito geral, é indisfarçável que a deterioração social, agravada pela crise econômica e sanitária (com a ampliação do desemprego e da quase supressão da renda), é o pano de fundo desse fenômeno. Cria-se, então, um clima de inquietação e violência, que alimenta ainda mais a criminalidade. Ademais, amplia a própria truculência policial, dando ensejo à escalada de violência promovida por policiais, que também se intensificaram durante a pandemia.

Mais do que isso: o armamento indiscriminado e a eliminação dos mecanismos de controle de venda e registro de armas, determinada pelo Planalto, abre caminho para a livre ação das milícias clandestinas. Pior: para transformar a Força Nacional (FN) em suposta milícia semioficial, conforme acaba de denunciar ao Ministério Público Federal, a tenente-coronel Keydna Alves Lima Carneiro, ex-coordenadora-geral de Administração da FN, depois de protestar contra o recrutamento, supostamente ilegal, de reservistas aleatórios, sem qualquer critério de controle de dados sobre sua vida pregressa para que possam portar uma arma. Por causa disso, a oficial foi demitida pelo diretor-geral da FN, coronel Aginaldo de Oliveira (ambos são cearenses).

Ora, uma força armada desse porte, fora do padrão de controle institucional, faz crescer os temores dos segmentos democráticos sobre os caminhos da segurança pública nacional. O que aumenta por demais a ansiedade de uma sociedade já tão afligida por tantos sobressaltos. 

 

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