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Editorial: Negacionismo rebaixa isolamento social
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Editorial: Negacionismo rebaixa isolamento social

Tipo Opinião

A retomada das atividades, seja no Ceará, seja no restante do País, provoca a queda dos índices de isolamento social. Trata-se de um resultado esperado, já que mais pessoas estão saindo para trabalhar. Acontece que essa retomada exige a consciência de que a rotina não pode ser igual à que se tinha antes da pandemia. Cuidados relativos ao distanciamento social e outras medidas de segurança, no inter-relacionamento entre as pessoas, estão sendo ignorados. Se uma nova cultura de cuidados preventivos e de consciência coletiva não for enraizada, as consequências poderão ser devastadoras para as pessoas, o sistema de saúde e para a economia, caso ensejem uma segunda onda de infecção. Essa é a preocupação dos especialistas. Enquanto isso, o Brasil se aproxima de 70 mil mortes e isso parece ter sido "normalizado" pelas pessoas. O que há por detrás dessa negação tão absurda da realidade?

No caso do Ceará, por exemplo, cujo governo agiu rápido ao constatar a chegada do coronavírus, nunca se alcançou o isolamento de 70% preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O mais perto disso foram os 63% em 22 de março. Já nos últimos 30 dias, a maior taxa foi de 51% no dia 7 de junho. No restante do País, os índices foram muito piores.

Talvez, esse tipo de desafio exija medidas mais duras de contenção. Quem teve mais êxito em encontrar a dosagem certa foi a China e outros países que reagiram imediatamente. O fato é que onde os governos se deixaram envolver por um certo negacionismo de viés ideológico direitista - Brasil, Estados Unidos e Inglaterra - o número de vítimas tem sido catastrófico. Há ainda o caso da Suécia, que foi puro "laxismo".

Certo, se as pessoas não colaborarem, será impossível, para qualquer governo, de modelo ocidental, resolver a questão per si. Contudo, sem o poder de Estado nada se faz. Quando este se ausenta, ou atrapalha, como é o caso do governo central do Brasil, o desastre é incontornável. Não há desculpas para o que está acontecendo no País, e sua repercussão impacta em organismos internacionais de Justiça. Dificilmente, os responsáveis brasileiros deixarão de sofrer algum tipo de restrição.

Na economia, isso já acontece, por parte de investidores temerosos de se arriscarem num contexto de descontrole pandêmico. E, no campo diplomático, já há impedimento de circulação de brasileiros no Exterior. O primeiro a proibir a entrada de brasileiros em seu território foi o governo dos Estados Unidos. A mesma providência estende-se à Europa e, possivelmente, alcançará outras partes do mundo.

Se não fosse a ação destemida e responsável dos governadores, o quadro interno seria ainda mais terrível. Com o anúncio de que o presidente Jair Bolsonaro testou positivo para a Covid-19, vê-se que seu negacionismo foi abalroado pela realidade. Resta esperar que se cure e sirva de exemplo a seguidores. 

 

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