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Trump escondeu letalidade do coronavírus
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Editorial opinião

Trump escondeu letalidade do coronavírus

Tipo Opinião

A informação de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha pleno conhecimento de que o novo coronavírus transmitia uma doença potencialmente fatal e, mesmo assim, de forma consciente, minimizou a gravidade da ameaça, revela uma irresponsabilidade criminosa, incompatível com o cargo que ele ocupa. Se houvesse alertado a população e tomado as medidas sanitárias com a urgência que o combate ao vírus exigia, certamente muitos dos cerca de 200 mil americanos mortos na pandemia poderiam ter sido salvos.

O próprio Trump confessou que conhecia a gravidade da situação em uma série de entrevistas concedidas a Bob Woodward, reproduzidas no livro Rage (raiva), ainda em preparação pelo jornalista. Segundo declarou à agência de notícias AP, Woodward disse que Trump, em fevereiro, o chamou para "desabafar" sobre o vírus, cuja pandemia, na época, ainda estava no início.

Falando a Woodward, que gravou a conversa, Trump afirmou: "Vai pelo ar (o vírus). Isso é sempre mais difícil do que por toque. Você não precisa tocar nas coisas. Certo? Mas o ar, você apenas respira o ar, e é assim que ele é transmitido. E então isso é muito complicado". E acrescentou que a doença era muito mais perigosa do que gripe comum. "Isso é algo mortal", repetiu.

Em público, entretanto, Trump fazia pouco caso da doença, afirmando que de uma hora para outra o vírus desapareceria. A política negacionista - que custou a vida de milhares de pessoas - foi adotado por pouquíssimos países, todos eles, à exceção dos Estados Unidos e Brasil, e ditaduras declaradas, como Belarus e Nicarágua.

Para variar, Trump agora busca eximir-se de suas responsabilidades para acusar a imprensa, no caso o jornalista que tomou-lhe as declarações. Procurou justificar-se dizendo ter minimizado a crise para evitar um "frenesi", agindo como "um líder de torcida" pelo país. E acrescentou: "Nós precisamos mostrar liderança, e a última coisa que você quer fazer é criar pânico".

O fato é que não se tratava de criar pânico, mas de salvar vidas, o que o presidente americano deixou de fazer, de forma proposital, o que é indesculpável.

Por sua vez, Woodward - que tornou-se conhecido mundialmente pelas cobertura caso Watergate, junto com o colega Carl Bernstein, que levou à renúncia do presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, em 1974 -, também não escapou ileso. Ele está sendo criticado, inclusive por jornalistas, por não ter divulgado as declarações de Trump no início do ano - o que poderia ter alertado a população - como forma de valorizar o seu livro, a ser lançado este mês.

De qualquer forma, é intolerável saber que um presidente agiu de forma inescrupulosa, como um animador de torcida - e não como um verdadeiro líder, dedicado a salvar a vida de seus concidadãos. 

 

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