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Editorial: Américas: democracia ganha reforço
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Editorial: Américas: democracia ganha reforço

Tipo Opinião

A semana iniciou-se sob a égide da democracia, nas Américas, com a vitória de Joe Biden do Partido Democrata, para a presidência dos Estados Unidos (EUA), e a posse do novo presidente da Bolívia, Luis Arce, do MAS (Movimento Ao Socialismo). O simbolismo das duas vitórias aponta para uma possível tendência de "virada" na onda autoritária prevalente, até então, na América Latina (espalhando-se por alguns países da Europa), desde a chegada do republicano Donald Trump à Casa Branca.

A vitória de Biden resultou de um dos mais duros embates políticos entre o Partido Democrata e o Partido Republicano, em toda a sua história, numa eleição cujos resultados ainda não foram abraçados pelo lado perdedor, apesar de Trump, não ter apresentado nenhuma prova consistente de fraude. Posição que causa mal-estar em algum dos seus próprios correligionários, que já parabenizaram o vencedor. Congratulações também vindas das principais lideranças mundiais (algumas como os governos de Israel e da Hungria que são considerados conservadores) - e de governantes da América Latina, dos quais se excluiu, estranhamente, até o momento, o presidente Jair Bolsonaro. O que alimenta a estranheza com que o Brasil é cada vez mais visto no cenário mundial. Não é para menos: o chanceler brasileiro Ernesto Araújo orgulhou-se há poucos dias de ter levado o País à condição de "pária", internacional.

Biden definiu linhas mestras que prometem distinguir seu governo do antecessor: governar para todos os americanos (e não apenas para correligionários); unificar o país; indicar uma força-tarefa de cientistas para lidar com a pandemia e preparar uma vacinação em massa; recuperar a economia, lutar contra o racismo sistêmico e a preservação do meio ambiente, cancelar a proibição de vistos para moradores de sete países de maioria muçulmana e estabelecer rapidamente uma proteção legal que impeça a deportação dos chamados "dreamers" - nome dado aos imigrantes sem documentação que chegaram ainda crianças aos EUA.

De imediato, no campo externo, voltar ao multilateralismo, retomando, imediatamente, o Acordo de Paris e a Organização Mundial da Saúde (OMS), trazendo os EUA de volta aos marcos civilizatórios conquistados pela humanidade.

Já o novo presidente da Bolívia, Luis Arce, retomará o programa de governo de Evo Morales, que fez uma das maiores inclusões sociais da América Latina, instituiu um Estado plurinacional ameríndio, resgatando a multifacética identidade cultural boliviana, e produziu o maior período de crescimento e prosperidade de toda a história de seu país. Um ano atrás, a Bolívia, com a renuncia de Evo após enfrentar denúncias de manipulação eleitoral, experimentou um retrocesso enorme no país e sacrificou sua democracia. É o pêndulo da História voltando a um saudável ponto de equilíbrio no Continente.

 

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