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Editorial: Indústria: Ceará replica avanços intermitentes
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Editorial: Indústria: Ceará replica avanços intermitentes

Tipo Opinião

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de publicar os últimos dados oficiais sobre a evolução do desenvolvimento industrial do Brasil, tomando como referencial o mês de setembro. O levantamento aponta que a indústria cearense ocupa o segundo lugar nacional em crescimento (8,5%), nesse mês, ficando atrás apenas do Amazonas (14,2%), quando comparado ao mesmo mês de 2019. Entretanto, quando observadas as perdas acumuladas no ano passado, a queda chega a 11,9%. Já no comparativo de 12 meses a indústria cearense apresenta recuo de 8,2%.

Os segmentos que apresentaram melhor desempenho em setembro, ante igual mês de 2019, foram o de fabricação de produtos alimentícios, fabricação de materiais não metálicos e preparação de couros . Já os que apresentaram maiores dificuldades para recuperar os níveis anteriores à pandemia foram os segmentos de confecção de artigos de vestuário e acessórios, metalurgia e fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos.

Em termos de Brasil, quando o foco é setembro, a produção industrial de 11 dos 15 locais pesquisados teve taxas positivas frente a agosto, na série com ajuste sazonal. A média do País foi de 2,6%. Já em relação a setembro de 2019, a alta de 3,4% da produção industrial nacional foi acompanhada por 12 dos 15 locais pesquisados, o que constitui o primeiro resultado positivo após dez meses de quedas, desde novembro de 2019. No acumulado do ano, no entanto, ocorreu o oposto: queda em 12 dos 15 locais pesquisados. Além do Ceará, os maiores recuos foram observados no Espírito Santo, Amazonas e Rio Grande do Sul. Três estados tiveram alta: Goiás , Rio de Janeiro e Pernambuco.

A situação é preocupante: já se tinha o levantamento anterior feito pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), mostrando que o período de recessão econômica entre os anos de 2015 e 2018 fez com que no Brasil houvesse perda de dezessete fábricas por dia. Na época, a checagem sobre essa 'extinção' de unidades industriais identificou que isso se deveu ao acúmulo de perdas na produção da indústria de transformação brasileira entre 2014 e 2016. Em 2017 houve uma ligeira recuperação, mas não o bastante para se sustentar uma ascensão contínua nos anos seguintes. Houve uma espécie de "voo de galinha" antes da pandemia, mas logo voltaram os números medíocres ou regressivos de crescimento.

O fato é que o País precisa de uma política industrial consistente, pois está ameaçado de voltar a uma situação arcaica de País "essencialmente agrícola", exportando commodities a preços sempre inferiores ao da importação de produtos industrializados. A pujança do agronegócio não é suficiente para financiar um desenvolvimento consistente e integral, nos moldes requeridos pela dimensão do Brasil. n

 

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