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Editorial: Resultados eleitorais: primeiras impressões
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Editorial: Resultados eleitorais: primeiras impressões

Tipo Opinião

Os resultados do primeiro turno das eleições municipais começam a ser digeridos em todo o País, e se esboçam os primeiros traços de uma realidade política em mutação moderada, enquanto se aguarda a batalha do segundo turno para se ter um contorno mais nítido da nova correlação de forças no País. Desde já, no entanto, é inegável a grande derrota sofrida pela extrema-direita, nesta primeira volta das eleições. Fica claro que a onda da antipolítica, surgida no bojo da eleição presidencial de 2018, foi agora refreada implacavelmente pelos eleitores. Embora ainda muito fragmentada, a política volta a ser o instrumento mediador indispensável para o encontro de soluções factíveis, cobradas por uma sociedade complexa e desigual como a brasileira. Da mesma forma, refluiu a ideia do "outsider", isto é, da crença de que só alguém de fora da política poderia administrar a coisa pública de forma isenta e acima do entrechoque de interesses.

Pelo quadro visto até agora, a centro-direita conseguiu o maior número de prefeituras e se alça à condição de principal força do espectro político, com destaque para os partidos do Centrão: MDB, PP, PSD e DEM. Trata-se da direita moderada, aquela que, embora tenha tido a responsabilidade histórica (junto com o PSDB) de interromper, de forma polêmica, o mandato presidencial de Dilma Rousseff (PT), alegando "má gestão" (justificativa só cabível no parlamentarismo, segundo especialistas), retoma agora à boa trilha institucional, e recupera a política como instrumento de mediação legítima e indispensável à democracia.

Da sua parte, a esquerda e a centro-esquerda melhoram sua situação em relação às eleições de 2016 (onde o PT teve um retrocesso histórico). Desta vez, os petistas perderam a hegemonia dentro da esquerda, em vista da pluralidade de expressões obtida por esse espectro (Psol, PSB, PDT e PCdoB), embora não se tenha cumprido a pretensão de setores conservadores de extirpar o PT da cena política. O que, se tivesse acontecido - segundo estudiosos -, não seria uma vantagem para as instituições democráticas, que precisam de partidos enraizados e capilarizados para dar equilíbrio e estabilidade à democracia brasileira.

Em outras palavras, no quadro que se desenha, atualmente, não existe ainda uma nova força hegemônica, nem na direita e centro-direita, nem na esquerda e centro-esquerda. É uma situação nova que poderá ficar mais clara com o resultado do 2º turno. O que ficou inequívoco, entretanto, foi o "chega-para-lá" dado pela maioria dos eleitores à extrema-direita e ao seu irracionalismo, sobretudo à sua aversão ao pluralismo e ao jogo democrático institucional. Há ainda um longo caminho pela frente para que o Brasil volte a praticar a política como instrumento de progresso, justiça e coesão nacional. Um primeiro passo, reconhecidamente, acaba de ser dado. Que venham os demais. n

 

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