O protocolo de intenções assinado na sexta-feira entre o governo do Ceará e a empresa australiana Enegix Energy, para montagem de uma planta de hidrogênio verde no Complexo do Pecém, no nosso litoral, precisa ser compreendido na sua dimensão exata. E ela não é pequena, mais ainda quando se enxerga a iniciativa na sua perspectiva de futuro e do que representa àquele esforço do Estado, já atrasado, de construir bases para uma economia melhor adequada às necessidades de um mundo moderno, menos dependente de amarras históricas que a mantêm atrelada a atividades primárias, ao turismo e ao serviço.

O hidrogênio verde é entendido como um combustível com alto potencial de uso na geração de energia limpa, já que em seu processo de produção não há emissão de carbono. Portanto, em absoluto acordo com o que é uma exigência dos tempos contemporâneos, na medida em que apresenta fundamentos limpos e que simboliza uma alternativa de fortalecimento real e objetivo da economia sem gerar mais agressões ao meio ambiente. Tudo isso, a partir de fontes que entre nós abundam, no caso, a luz solar e os ventos.

Os discursos de todos os envolvidos, num processo que mobiliza ainda o setor produtivo, através da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), e a área acadêmica, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), além do governo e da empresa australiana, apontam para esse cenário de futuro desejado. Não há exagero, mesmo que a prudência e a história recomendem alguma espera de todos nós para que as coisas comecem a acontecer de concreto, em se dizer que se trata de um projeto de tamanho suficiente para transformar realidades no Ceará.

O que temos a oferecer em termos de potencial eólico e solar nos justificaria como escolha natural para uma ação do porte, mas há de se ressaltar a força exposta por uma união articulada entre governo, setor empresarial e academia em nome de um objetivo comum de trazer para o Ceará um investimento anunciado de R$ 5,4 bilhões e um projeto importante em todos os aspectos pelos quais seja visto.

Por um lado, no ponto em que projeta um ânimo novo para economia local, gerando empregos de qualidade, inclusive, mas, também, pelo que representa de respeito ao meio ambiente, uma outra necessidade que precisa ser considerada nas grades ações dos dias atuais. É um passo importante que o Ceará pode estar vivenciando na necessidade que tem de construir para si um novo perfil sócio-econômico. n