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A saída de Miguel Nicolélis do comitê científico
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Editorial opinião

A saída de Miguel Nicolélis do comitê científico

Tipo Opinião

A opinião pública está ainda tomando conhecimento da recente saída do neurocientista Miguel Nicolelis da coordenação do comitê científico do Consórcio Nordeste, responsável por pensar e propor estratégias de combate à transmissão do novo coronavírus. A informação foi noticiada pela jornal Folha de S. Paulo. As razões se deveriam à insatisfação com os governos que não adotaram por completo as orientações elaboradas pelo comitê, como a decretação de lockdowns. Alguns deles preferiram o toque de recolher, como foi o caso do Ceará e da Bahia - medida considerada por ele paliativa e sem eficácia para barrar a disseminação da Covid-19. A repercussão desse desfalque na luta contra pandemia deixa tristes e inconformados aqueles que conhecem a competência de Nicolélis - um quadro científico de reconhecido prestígio internacional por suas pesquisas sobre a interface entre cérebros e máquinas.

O descaso das autoridades centrais brasileiras em relação à pandemia fez o País cometer erros gigantescos, segundo ele, quando do enfrentamento da primeira onda de disseminação do vírus, com custos altíssimos em vidas. Graças à criação do Consórcio do Nordeste, envolvendo os estados da Região, foi possível criar um comitê científico regional para orientar os governadores nas políticas públicas requeridas para o combate à doença. Muitas iniciativas foram conduzidas com sucesso e, graças a elas, o desastre não foi maior. Contudo, razões de ordem econômica e política frustraram muitas das recomendações técnicas do comitê pelo fato de os dirigentes estaduais terem de ceder a pressões, perdendo, às vezes, o timing que garantia a eficácia das providências requeridas.

Ao que parece, Nicolélis entendeu que contemporizou até onde foi possível. E resolveu tomar uma posição mais enfática (como deixar o comitê científico do Nordeste) para explicitar o agravamento da situação com a chegada de cepas mais agressivas do vírus. Tudo em vista de evitar um desastre sanitário completo, que já se manifesta nos estados do Norte do País. Seu prazo findou, quando viu, no início do ano, se repetirem os mesmos erros apontados na primeira onda. E passou a clamar por um lockdown nacional e pela criação de um Comitê Nacional para unificar as ações de combate ao vírus.

"Acabou (disse em twitter). A equação brasileira é a seguinte: ou o país entra num lockdown nacional imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021". Sobre o impacto que isso teria na economia, respondeu: "Se realizarmos um isolamento social rígido, um lockdown por duas ou três semanas, com só serviços essenciais funcionando, é possível minimizar os danos econômicos no futuro". Mesmo porque, o contrário não evitaria a débâcle econômica, já que supostamente não haveria pessoas para reativar a economia, depois do morticínio. O fato é que o País perde terrivelmente ao deixar de ouví-lo. n

 

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