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Covid: até quando lágrimas impotentes jorrarão?
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Editorial opinião

Covid: até quando lágrimas impotentes jorrarão?

Os governos do Ceará e de Fortaleza, ante o iminente colapso da rede pública e do sistema privado de saúde do Ceará por decorrência da velocidade de propagação da nova cepa do Sars-2, viram-se na obrigação de decretar lockdown na Capital. A mesma recomendação foi feita pelo governador Camilo Santana (PT) a cerca de outros 70 municípios interioranos igualmente acossados pela virulência do novo ataque. A medida iniciada hoje se estenderá até o dia 18 próximo.

Apesar do impacto negativo na área econômica - unanimemente reconhecido - não há alternativas, segundo as autoridades públicas e os cientistas, senão o confinamento rígido da população em suas residências para cortar a cadeia de propagação acelerada do vírus e assim impedir uma tragédia inimaginável, em termos de perdas de vida, já que o sistema de atendimento hospitalar está à beira do colapso total, apesar de estar em andamento a instalação de mais cinco hospitais de campanha. A Capital, segundo ressaltou o governador, é o epicentro da pandemia no Estado e as ações para conter a velocidade da contaminação não têm sido suficientes para frear a circulação do vírus da Covid-19. "É um cenário gravíssimo", alertou o chefe do governo.

Embora os estados tenham um "poder de fogo" muito limitado (pois não podem emitir moeda) é louvável a tentativa do governo estadual cearense de lançar mão de todos os instrumentos a seu alcance para socorrer com algum tipo de socorro financeiro as pessoas que ficaram desprovidas de qualquer renda, e também de tentar desafogar, no que for possível, os segmentos econômicos com mais risco de colapsarem.

Na verdade, isso deveria ser uma tarefa inescapável do governo federal, se este estivesse ciente de suas responsabilidades, o que não é o caso. Os exemplos são superabundantes e conhecidos, abrangendo desde a recusa em acatar medidas autoprotetivas básicas, como o uso de máscaras e proibição de aglomerações, bem como a obstaculização da organização de um sistema de vacinação minimamente eficiente - a única forma real de se sair do fundo do poço a que o País foi atirado pela culpa inapagável de seu dirigente maior - segundo o consenso de cientistas e pessoas minimamente informadas.

O que fazer quando a Nação se depara com um poder decisório negacionista, cuja omissão leva seu povo a se enfrentar com a iminência, cada vez mais incontornável, da perda de seus entes queridos? Essa é a pergunta que os brasileiros estão dirigindo aos demais poderes da República (Legislativo e Judiciário), pois não é possível imaginar que a democracia não tenha saída para esse impasse. Quanto mais se demorar em encontrar a resposta, mais vítimas serão sacrificadas ao "Moloch da irrazão" e uma torrente de lágrimas impotentes afluirão cada vez mais de incontáveis lares brasileiros.

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